Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Edgard Alves

Futebol feminino do Brasil corre atrás de futuro promissor

Há maior organização dos campeonatos e melhoria no planejamento e apoio à modalidade

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O desenvolvimento do futebol feminino ainda está atrasado no Brasil, mas a modalidade parece romper a falta de atenção que recebia no país e passa a alimentar o sonho de um futuro mais promissor.

A nova postura adotada pelas entidades que controlam o futebol no mundo e no Brasil, especialmente a Fifa e a CBF, são peças decisivas para esse impulso.

Faz muito tempo que o futebol deixou de ser um esporte só de homens. As mulheres ocupam a cada dia mais espaço nas arquibancadas, atraídas pelas disputas tanto no masculino como no feminino, e mostram competência também nos gramados com suas competições.

Pode-se dizer que, na atualidade, o futebol empolga nos dois gêneros, embora a distância entre eles continue bastante larga. Independentemente disso, o interesse pelo jogo das mulheres cresce.

No último Mundial, ano passado na França, conforme informado em oportunidade anterior nesse espaço, a audiência de TV e internet alcançou 1,1 bilhão de pessoas, segundo dados da Fifa.

Na Olimpíada do Rio, em 2016, a sala de imprensa tinha monitores mostrando imagens ao vivo das modalidades em ação. Foi curioso observar o futebol feminino atrair a atenção de grupos de jornalistas, principalmente europeus, que vibravam em jogos decisivos do evento como torcedores em estádio.

Um comportamento nunca antes observado em outros Jogos. E estou no ramo há meio século, com estreia olímpica in loco em Montreal-1976.

As considerações postas acima dão uma ideia geral da situação do futebol feminino, modalidade na qual o Brasil que chegou a duas medalhas olímpicas de prata (2004 e 2008), dois pódios em Mundiais (prata em 2007 e bronze em 1999), performances garantidas por uma excepcional geração de atletas que então superou a falta de apoio e desatenção da cartolagem.

Marta deixa o campo após partida da seleção brasileira contra o Canadá, na Olimpíada do Rio
Marta deixa o campo após partida da seleção brasileira contra o Canadá, na Olimpíada do Rio - Julia Chequer-19.ago.16/Folhapress

O nível da organização dos campeonatos nacionais interclubes e do planejamento de apoio e incentivo da seleção brasileira principal deixam a impressão de evolução na área. Além disso, está em vigor uma norma de que times masculinos para se manterem em eventos de ponta organizem também equipes femininas.

Numa mudança de postura, a CBF colocou mulheres para tratar dos assuntos relacionados a elas. Contratou Duda Luizelli e Aline Pellegrino, ex-jogadoras da equipe nacional, como coordenadoras das atividades do setor feminino.

Duda, que acumulou experiência na função no Internacional, assume a gerência das seleções femininas principal, sub-20 e sub-17.

Aline fica responsável por administrar, desenvolver e propor novos projetos, valendo-se dos conhecimentos adquiridos como diretora da FPF (Federação Paulista de Futebol). Essa coordenação abrange atividades e competições nacionais femininas das categorias A-1 (a principal), A-2, Sub-18 e Sub-16.

A confederação anunciou também a equiparação dos pagamentos de diárias e das premiações aos integrantes das seleções nacionais de adultos em ambos os gêneros. A exceção seria nas Copas do Mundo, quando as premiações pagas pela Fifa são bem maiores no masculino. Nesse caso, apenas a proporção seria igual.

Anteriormente, a seleção principal já havia recebido outra novidade: a contratação da técnica sueca Pia Sundhage, detentora de uma carreira de sucesso. Ela, que foi bicampeã olímpica (2008 e 2012) dirigindo os Estados Unidos e prata com a Suécia na Rio-2016, elogiou as mudanças no Brasil. "Isto é história", disse.

Marta, a atacante brasileira seis vezes escolhida pela Fifa como a mais destacada jogadora do mundo e ainda em atividade, reconhece o passo à frente, sem deixar, no entanto, de apontar as dificuldades enfrentadas até agora. Em entrevista na CNN, ela declarou que o Brasil teve "uma uma geração perdida".

Para exemplificar citou Pretinha, Roseli, Sissi, Katia Cilene e Daniela Alves, que lutaram ao lado dela por mais visibilidade e conseguiram resultados inéditos, mas que não mudaram o cenário da especialidade no país.

A seleção brasileira figura entre as 10 mais fortes do Mundo. Os outros destaques são Estados Unidos, Alemanha, Países Baixos, França, Suécia, Inglaterra, Austrália, Canadá e o Japão.

O Brasil está com vaga assegurada nos Jogos de Tóquio po r ter vencido a Copa América. Portanto, com a Olimpíada adiada para meados do ano que vem, sobra tempo para a preparação.

Enquanto aguarda a renovação, o time conta com veteranas, que acumulam experiência para desempenhar um bom papel em Tóquio, trocando sonho por realidade.

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que foi escrito no texto, as duas medalhas olímpicas de prata da seleção feminina de futebol foram conquistadas nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008. O texto foi corrigido.

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