Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Com novo estado de emergência, Tóquio luta para garantir Olimpíada

Alta de casos na capital japonesa e nova variante do vírus deixam Jogos em alerta

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A região metropolitana de Tóquio enfrenta outra vez estado de emergência por causa da pandemia de Covid-19, que disparou em várias regiões do Japão.

A medida foi anunciada pelo primeiro-ministro Yoshihide Suga na última semana, passou a valer a partir da sexta (8) e vai até 7 de fevereiro, quando a situação será reavaliada. Três prefeituras vizinhas —Kanagawa, Chiba e Saitama– também integram o plano emergencial.

No início de abril do ano passado, durante a primeira onda de infecções, Tóquio e seis outras prefeituras também recorreram ao estado de emergência, depois ampliado para todo o país no final daquele mês. Acabou com a medida de exceção em maio, conforme os casos de coronavírus diminuíam.

Homem de máscara próximo aos anéis olímpicos em Tóquio, sede dos Jogos
Homem de máscara próximo aos anéis olímpicos em Tóquio, sede dos Jogos - Issei Kato - 8.jan.21/Reuters

Agora, as preocupações com novas variantes potencialmente mais infecciosas do coronavírus levaram o governo a suspender a entrada no país de estrangeiros não residentes. Sinal da gravidade da situação.

Considerando o estágio global da crise da saúde, com inúmeros países tomando medidas semelhantes para a contenção do vírus, o Japão não causa espanto.

Entretanto, é o único que tem uma verdadeira bomba para desarmar: a Olimpíada e a Paraolimpíada de Tóquio, grandes eventos internacionais de esportes, adiados do ano passado também por conta de contaminações pelo coronavírus. As duas competições foram reagendadas para julho, agosto e setembro próximos.

É desafio de grande impacto, uma vez que ambas as disputas reunirão milhares de participantes, de visitantes, de torcedores locais e de trabalhadores em geral no suporte dos eventos.

A vacina contra o coronavírus –pode-se dizer que todos torcem por ela, que ainda engatinha– é o sonho dos habitantes do planeta, a esperança de salvação diante da peste.

No Japão, a previsão do começo da vacinação aponta para fevereiro. Mesmo que aconteça no prazo, o tempo ficará apertado para uma imunização que estabeleça segurança total. Portanto, um possível cancelamento dos Jogos é fantasma que continua na tela.

A Olimpíada vai reunir representantes de pouco mais de 200 países. Como esse enorme contingente de pessoas deve chegar ao Japão e conviver durante os Jogos? No momento, os casos de contaminação quebram recordes mundo afora.

Milhões de dólares estão envolvidos nos dois projetos, cujas imagens atraem telespectadores em todos os cantos a cada quatro anos, proporcionando lucros milionários ao COI e seus parceiros.

Talvez por isso, quase nada da crise de saúde no Japão tem aparecido nos noticiários televisivos e mídias em geral. Não há como atrasar um pouco mais nenhum dos eventos e o cancelamento será danoso para os investidores e para o país-sede.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) está montando a sua delegação, estimada de 250 a 300 atletas, mais cerca de 300 integrantes de equipes de apoio. Por aqui, o debate sobre vacinação no país continua confuso e tumultuado.

Apesar dos obstáculos, o COB vai trabalhar de acordo com as orientações do governo na campanha de imunização da população, que dá prioridade total a idosos e agentes da saúde.

Aparentemente, não passa pela cabeça da cartolagem nacional nenhuma tentativa para antecipar (seria um ato criminoso e absurdo) a vacinação de atletas ou de membros da delegação.

Marco La Porta, vice-presidente do COB e chefe da futura delegação olímpica, adianta que o plano é seguir à risca a imunização planejada pelo governo nessa questão de saúde pública com risco à vida e exigência extremada de ética.

La Porta disse que está tranquilo e confiante de que os Jogos acontecerão, talvez com alguma recomendação especial, tipo quarentena, quando as equipes desembarcarem no Japão. É praticamente certo que haverá testes frequentes, distanciamento social, uso obrigatório de máscara facial e uma estadia reduzida da hospedagem na Vila dos Atletas.

Nesse cenário confuso, uma pesquisa recente da emissora pública NHK jogou lenha na fogueira. Mostrou um posicionamento temeroso da população japonesa em relação aos Jogos: 32% dos entrevistados foram favoráveis ao cancelamento dos Jogos, 31% de um novo adiamento e 27% optaram pela realização conforme o programado.

Na contramão dos dirigentes do COI e dos políticos japoneses, o canadense Dick Pound, ex-dirigente da Wada (Agência Mundial Antidoping) e cartola respeitado pelos seus pares no movimento olímpico, sugeriu que os Jogos podem estar em dúvida. Atribuiu sua incerteza ao fato de “o elefante ainda estar na sala”, numa clara insinuação aos riscos do coronavírus.

Na opinião de Pound, todos os competidores deveriam ser vacinados com prioridade, enquanto o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, também encorajou os atletas a se vacinarem, mas deixou claro que não seria um requisito para ingressarem no Japão.

O prazo para a confirmação da Olimpíada está apertado. O revezamento de 121 dias da tocha, que normalmente marca a contagem regressiva para os Jogos, começará em Fukushima em 25 de março. Portanto, logo aí, gerando momentos nos quais a transparência das informações para uma acertada e justa decisão é vital.

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