Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Com Jogos de Tóquio incertos, COI e China promovem Pequim-2022

Otimismo em relação à Olimpíada de Inverno difere da preocupação com evento no Japão

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A China, país onde o novo coronavírus surgiu e, de lá, se espalhou pelo mundo, virando tragédia que dura mais de um ano, com centenas de milhares de mortes e sem controle até o momento, iniciou a contagem regressiva de dias para realizar os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em fevereiro do ano que vem.

Um momento bem diferente do vizinho Japão, que, por causa da pandemia, adiou do ano passado para este ano a Olimpíada de Verão, em Tóquio. Na realidade, a situação dos Jogos na capital japonesa é grave e preocupante, pois o evento, com início programado para 23 de julho, ainda aguarda confirmação.

O país nem sequer iniciou uma campanha de vacinação e também precisa de informações consolidadas e seguras sobre os efeitos da pandemia na comunidade internacional para anunciar se a a Olimpíada vai ou não ser realizada.

Anéis olímpicos no topo da torre olímpica, um ano antes da abertura dos Jogos de Inverno de 2022, em Pequim, China
Anéis olímpicos no topo da torre olímpica, um ano antes da abertura dos Jogos de Inverno de 2022, em Pequim, China - Tingshu Wang - 4.fev.21/Reuters

Afinal, nada menos do que 11 mil atletas e equipes de apoio das delegações na mesma proporção, dirigentes esportivos, quadro de arbitragem e jornalistas desembarcarão em Tóquio em função do evento.

Tem ainda a questão da presença de turistas, motivados pelas atrações do espetáculo esportivo. Os organizadores, no entanto, estão indecisos sobre a liberação dos estádios para que os torcedores acompanhem as disputas. Isso por temor do coronavírus.

O Japão vinha levando os preparativos para organizar a Olimpíada sob uma onda de otimismo. Porém, a pandemia interferiu brutalmente nos planos. Não fosse suficiente a crise na saúde, na semana passada o presidente do comitê organizador, Yoshiro Mori, pediu demissão do cargo, pressionado pela repercussão negativa de suas declarações machistas, dizendo que mulheres falam demais e atrapalham reuniões quando ocupam cargos executivos.

O alvoroço global foi grande. Mori, 83, ex-primeiro-ministro (2000-2001) pediu desculpas, mas não conteve a indignação geral, principalmente de mulheres, de entidades feministas, de governos e de patrocinadores olímpicos.

A poeira da fala inadequada de Mori ainda não havia baixado e, no sábado (13), um terremoto de magnitude 7,3 atingiu o Nordeste do Japão, na região de Fukushima e da vizinha Miyagi, ferindo dezenas de pessoas e causando apagões generalizados.

Felizmente, não provocou anormalidades nas usinas nucleares locais, como o evento semelhante ocorrido em 11 de março de 2011. Os organizadores olímpicos disseram que as instalações dos Jogos não sofreram nenhum dano. O tremor também foi sentido em Tóquio.

Por desfrutar, no momento, de uma situação supostamente mais confortável do que o acuado Japão, a China trata da visibilidade da Olimpíada de Pequim. E conta com o respaldo do COI (Comitê Olímpico Internacional).

No último dia 4, um ano antes da abertura dos Jogos, o presidente do COI, Thomas Bach, convidou formalmente os comitês olímpicos nacionais do mundo e seus atletas de esportes de inverno a participarem da competição no início do próximo ano.

O convite é um ato formal, de respeito ao espírito de que os Jogos são um evento esportivo, além de paz e confraternização mundial. Bach elogiou a maneira como a China está lidando com a crise do coronavírus e afirmou que o COI confia que os anfitriões chineses garantirão Jogos seguros e protegidos.

A competição, no entanto, não atrai só elogios. Numa repetição da pré-Olimpíada de Verão de 2008, que também teve Pequim como sede, tanto a China como o COI são alvos de críticas sobre violações de direitos humanos pelos anfitriões, especialmente nas políticas relacionadas ao Tibete, Hong Kong e Taiwan.

Esse aparente otimismo pré-olímpico sobre os Jogos de Inverno de Pequim é um indício de que o COI está empenhado em manter a disputa das Olimpíadas agendadas. Um impulso para que o Japão não perca a esperança de também confirmar a sua, apesar do pouco tempo que resta.

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