Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Mundo olímpico aguarda Tóquio como palco esportivo e talvez cenário de protestos

Debate sobre manifestações de atletas se intensifica à medida que Jogos se aproximam

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Embora com a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio ainda não ratificada claramente para eliminar possíveis dúvidas, os preparativos para o evento seguem sem interrupções no Japão.

A pandemia de Covid-19, causadora do adiamento da Olimpíada do ano passado para 23 de julho próximo, ampliou sua trágica expansão e também não parou, matando a cada dia mais pessoas do que antes. A vacinação mundial, única esperança de conter a pandemia, apenas engatinha.

Esse obstáculo, como é do conhecimento geral, tem dado muita dor de cabeça aos organizadores do evento —os japoneses e o COI (Comitê Olímpico Internacional). Delegações dos países interessados na competição, apesar das interrogações, cumprem seus rituais para viajar a Tóquio, empacotando e despachando equipamentos, selecionando atletas e providenciando documentação para tudo e para todos.

Toshiro Muto, executivo dos Jogos de Tóquio, tem preocupações que vão além das disputas esportivas - Nicolas Datiche/Reuters

Nesse clima, ofuscada por dúvidas e incertezas, a cartolagem quebra a cabeça na tentativa de garantir um evento seguro para os participantes e com uma organização que atenda ao bem-estar dos competidores e dos espectadores. Neste último caso, só moradores no Japão, porque pessoas de fora do país acabaram vetados por medida de saúde.

Quanto aos Jogos em si, ficam as apreensões sobre como os competidores se apresentarão diante das dificuldades enfrentadas no último ano, quando surgiu o coronavírus.

O fechamento de praças esportivas dificultou os treinamentos e proibições de viagens impediram preparação em outros centros. Aos poucos, tudo parou em praticamente todos os lugares. Restou a criação de "bolhas" de segurança e torneios sem público de poucos esportes.

Mesmo que os planos se desenvolvam conforme elaborados, a capital do Japão vai realizar uma Olimpíada de cara nova, repleta de restrições para proteção da saúde e sem que os competidores tenham tido a chance, com exceções, de preparação adequada.

Entretanto, novidades podem surgir dentro e fora das áreas de disputa. A agenda olímpica tem aberto debates sobre temas variados, tentando acompanhar os movimentos sociais (justiça racial, igualdade de gênero, doping, salários, direitos e comissões de atletas, entre outros).

Liberdade de expressão é ponto de destaque na lista de aprimoramentos nos esportes. A Comissão de Atletas do COI até pesquisou com competidores em geral e de elite de comitês olímpicos nacionais sobre a liberdade de expressão deles nos Jogos Olímpicos.

A consulta foi apoiada pelo FORS, o Centro Suíço de Especialização em Ciências Sociais. A proposta, óbvio, tinha limites, ou seja, como os atletas podem expressar seu apoio aos princípios consagrados na Carta Olímpica de "forma digna".

O debate ganhou intensidade com a publicação no ano passado das diretrizes da Regra 50 da Carta Olímpica, que afirma que nenhum tipo de manifestação ou propaganda política, religiosa ou racial é permitida em qualquer local de competição ou outras áreas olímpicas. Foi ainda impulsionado pela intensificação das manifestações de atletas durante o Movimento Black Lives Matter, também na temporada 2020.

O COI declara que a Regra 50 foi criada para proteger a neutralidade do esporte e do Movimento Olímpico. A polêmica sobre o tema é acalorada, inclusive com opiniões de que a mesma deveria ser descartada.

Há correntes que defendem a permissão de alguma forma de protesto nos Jogos. Existem ainda aqueles que querem a separação relativa de expressões comerciais e protestos políticos, hoje sob a mesma regra.

Quando o assunto é a Regra 50, o presidente do COI, Thomas Bach, não vacila. Para ele, a Olimpíada não pode virar "um mercado de manifestações". Entretanto, dos debates ficou a ideia de que deve haver uma flexibilização da acalorada regra.

Isso é o que veremos se a Olimpíada acontecer. Mas despontam indícios de que a polêmica da manifestação de atletas pode esquentar.

A mídia japonesa acaba de destacar a renúncia à Olimpíada de Tóquio do nadador Win Htet Oo, 26, de Mianmar, em protesto contra o golpe perpetrado por militares de seu país, que matou civis desarmados, incluindo alguns atletas. O cenário dos Jogos é palco com visibilidade ímpar e explosiva para denúncias e protestos.

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