Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Meras previsões de medalhas são capazes de atiçar torcedores

Com pouco público permitido nas competições, Japão tem desvantagem em relação a anfitriões anteriores

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Repletas de otimismo antes do início de Jogos Olímpicos e quase sempre cheias de furos como um alvo de tiros no encerramento, as previsões de conquistas de medalhas costumeiramente são acompanhadas com interesse pelos esportistas em geral.

Há os céticos que criticam os prognósticos dizendo que se tratam de puro “achismo”. Mesmo assim, eles não deixam de dar uma passada de olhos nas expectativas de medalhas. Buscam possíveis oportunidades para futuras chacotas contra os crentes e os otimistas de plantão, que enfrentam o risco de serem chamados de otários.

Tais comportamentos –otimistas e pessimistas–, no entanto, parecem mais contidos nesta Olimpíada no Japão. Os desdobramentos da pandemia de Covid-19 foram uma pancada nos Jogos, provocando o adiamento por um ano, fato inédito em mais de um século da competição.

Anfitrião, Japão enfrenta a Austrália no softbol em estádio vazio
Anfitrião, Japão enfrenta a Austrália no softbol em estádio vazio - Yuma Suguro/AFP

Além das dúvidas sobre se a Olimpíada aconteceria, a pandemia fustigou os esportes com o cancelamento de competições, inclusive de torneios seletivos para Tóquio. Os bloqueios de viagens deixaram os atletas sem intercâmbio e, pior ainda, praças esportivas foram fechadas em incontáveis países, dificultando e impedindo treinamentos.

Diante dos obstáculos não ocorreram os testes dos atletas em competições. Por isso, não se sabe em que condições reais cada um deles chega ao Japão. Como avaliar os confrontos?

Uma constatação, no entanto, costuma ser certeira, a de que países anfitriões melhoram a performance. Compreensível, pois os altos gastos com a organização do evento pressionam o país-sede a aumentar os investimentos na preparação dos seus atletas.

Os Jogos mais recentes dão uma mostra dessa evolução. Em Pequim-2008, a China saltou de 63 para 100 medalhas; em Londres, a Grã-Bretanha pulou de 47 para 65.

O Brasil subiu pouco na Rio-2016: de 17 medalhas (3 de ouro) em Londres para o total de 19 (7 de ouro). Mesmo assim, como o COB (Comitê Olímpico do Brasil) havia mudado seu critério para a classificação geral, optando pelo total de medalhas, descartando o sistema convencional (pelo maior número de ouros), acabou saindo do 22º para o 13º posto.

Apesar disso, o COB não teve como cantar vitória, pois a sua meta era colocar a delegação nacional entre as dez mais bem posicionadas, com um total de 27 a 30 medalhas, previsão depois ajustada para 25. Acumulou apenas 19, aprendeu a lição e não divulga mais previsão de medalhas. Na Olimpíada, detalhes no momento da disputa fazem a diferença.

Agora, chega a vez do Japão, que entra nas competições com uma desvantagem em relação a todos os organizadores passados dos Jogos, ou seja, não vai contar com o incentivo da torcida de casa, costumeiramente bem mais numerosa e ruidosa do que a dos rivais. Devido à pandemia, os visitantes estrangeiros estão vetados nos Jogos, e o número permitido de moradores do Japão, bastante limitado.

Lembrem-se da torcida no Rio, que irritou o francês Renaud Lavillenie na disputa do ouro do salto com vara vencida pelo brasileiro Thiago Braz. Os torcedores ajudam seus ídolos, embora, no caso, Braz tenha sido competente, cravando o recorde olímpico (6,03 metros).

Cálculos publicados na mídia japonesa preveem 26 medalhas de ouro para o Japão. Uma meta ousada para uma delegação que saiu do Rio com 12. Mas, por enquanto, como visto acima, não passa de uma mera previsão.

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