Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Pandemia é o maior desafio dos Jogos Paralímpicos

Encerrar as disputas sem intercorrências graves causadas pelo vírus será a maior vitória

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Sempre repletas de histórias cativantes de superação e humanismo, os Jogos Paralímpicos de Tóquio, competição poliesportiva para pessoas com deficiência, enchem as telas das TVs a partir desta terça (24) e até 5 de setembro.

Desta vez as atenções dos Jogos Paralímpicos estão voltadas para dentro das arenas e, mais ainda, para fora delas, por conta dos riscos da pandemia de Covid-19. Não poderia ser diferente. Por isso, encerrar as disputas sem intercorrências graves causadas pelo vírus, indiscutivelmente, será a maior vitória.

O Brasil está representado no evento por uma delegação de 259 paratletas. É um momento especial, pois o time pode alcançar a sua centésima medalha de ouro –acumula 87– na disputa quadrienal, atrelada às Olimpíadas, estas sempre realizadas semanas antes. As mesmas instalações servem para os dois eventos.

Atleta com venda nos olhos em que está escrita a palavra "força" corre em pista de atletismo acompanhada pelo seu guia
Lorena Spoladore, velocista da classe T11, e o guia Renato Benhur treinam em Hamamatsu para os Jogos de Tóquio - Ale Cabral - 13.ago.21/CPB

Um brasileiro de 44 anos é protagonista dos Jogos, sendo o seu dirigente máximo, Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) desde 2017. Uma disputa esportiva na Inglaterra em 1948, que era parte de um programa de recuperação de feridos na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi a semente das Paralimpíadas, realizadas pela primeira vez em Roma, em 1960.

Parsons deixou claro em suas falas recentes que o princípio fundamental para a realização destes Jogos em Tóquio foi o planejamento da segurança, com a preocupação de evitar a propagação de infecções. As lições das recentes Olimpíadas selaram tais cuidados. Para o dirigente, recordes esportivos têm peso menor na avaliação do sucesso do evento.

Há cuidados rígidos para evitar contaminação e garantir a segurança diante da escalada de casos de Covid-19 no Japão. O comitê não acredita que os Jogos possam piorar a situação. Na semana passada, o governo do país ampliou o estado de emergência de 6 para 13 regiões devido à pandemia de Covid-19 e anunciou o cancelamento do GP de F1 do Japão, que estava programado para 10 de outubro, em Suzuka.

Como aconteceu nas Olimpíadas, não haverá público nos estádios. Apenas uma exceção será feita para alunos que participam de um programa educacional apoiado pelo governo japonês. A proposta é dar oportunidade aos jovens desde cedo para ter contato com pessoas com deficiência, fato que poderá ajudá-los a crescer com uma atitude mais inclusiva.

As pessoas com deficiências não são mais vulneráveis à Covid-19, segundo Parsons, mas, dependendo do nível da deficiência, podem encontrar mais obstáculos na recuperação. Diante do enfrentamento da crise na saúde mundial, na avaliação do presidente do IPC, as Paralimpíadas de Tóquio despontam como as mais importantes da história e deixarão um forte legado.

O site do IPC registra que 162 representações, inclusa uma de refugiados com seis paratletas –entre eles, Abbas Karimi, do Afeganistão, que vive nos Estados Unidos–, participarão dos Jogos, envolvendo 4.400 concorrentes.

Com a aproximação das disputas em Tóquio, a mídia japonesa tem destacado como os direitos das pessoas com deficiência, acessibilidade e inclusão estão na vanguarda de muitas discussões no mundo dos esportes. Os modelos esportivos mudaram as atitudes da sociedade em relação à deficiência.

As Paralimpíadas fazem parte desse contexto. Tanto os Jogos Olímpicos como os Paralímpicos exigem design universal em suas sedes. Ambos os eventos esportivos adotam padrão ideal para cadeiras de rodas e outros equipamentos, além de rampas, escadas, superfícies de solo, balcões de recepção, entradas e saídas, portas, elevadores e escadas rolantes.

Mais relevante ainda do que essa arquitetura, as Paralimpíadas servem como referência dos direitos humanos das pessoas com deficiência e mostram o poder de transformação dos esportes. Um exemplo ao mundo.

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