Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Paraolimpíadas devem animar as madrugadas como as Olimpíadas

Brasil tentará superar o seu recorde de medalhas, conquistado no Rio, com 72 pódios

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Os Jogos Olímpicos de Tóquio ainda repercutem no Brasil depois da campanha com o maior número de pódios da delegação nacional na história da competição. Agora chegou a vez das Paraolimpíadas, que começam no próximo dia 24 e seguem até 8 de setembro também na capital japonesa.

As Paraolimpíadas são um evento esportivo dedicado a pessoas com deficiência física ou sensorial. Contam com equipamentos especiais e são formatadas em categorias de acordo com as dificuldades dos concorrentes.

A origem das Paraolimpíadas aconteceu em 1948, em Stoke Mandeville, a cerca de 50 km de Londres, na Inglaterra, e contemplava militares feridos na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Foi o primeiro passo.

Aros olímpicos começaram a ser retirados do Odaiba Marine Park logo após as Olimpíadas
Aros olímpicos começaram a ser retirados do Odaiba Marine Park logo após as Olimpíadas - Kim Kyung-Hoon - 11.ago.2021/Reuters

Coincidentemente, no mesmo período, a capital inglesa abrigou a retomada dos Jogos Olímpicos de verão, cancelados nos dois ciclos olímpicos anteriores por causa dos confrontos bélicos. Em 1960, as Paraolimpíadas foram organizadas pela primeira vez, em Roma, Itália.

A representação brasileira tem um desafio que gera muita expectativa nestes Jogos Paraolímpicos. Simplesmente tentará superar o seu recorde de medalhas conquistado em casa, no Rio, em 2016. Naquela oportunidade, os brasileiros subiram no pódio 72 vezes, ganhando 14 medalhas de ouro, 29 de prata e 29 de bronze.

Quatro anos antes, em Londres, o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) encerrou os Jogos com 43 medalhas (21 de ouro, 14 de prata e 8 de bronze), resultado que garantiu o 7º posto na classificação geral, a melhor posição da delegação na história. No Rio, apesar do número maior de medalhas, caiu para 8º porque a classificação é elaborada considerando o total de medalhas de ouro.

Desta vez a estimativa é de que 131 países estarão representados no evento. O Afeganistão inscreveu dois atletas, mas ambos não poderão viajar. O Talibã tomou o comando do país e fechou o aeroporto de Cabul.

O Brasil conta com 234 convocados, sendo 139 homens e 95 mulheres. A Rússia, como ocorreu nas Olimpíadas, vai participar com a denominação de Comitê Paralímpico Russo, pois o país cumpre suspensão por uso ilegal de doping e está proibido de atuar em competições internacionais até 2022.

No plano geral, a participação brasileira tem aumentado seu prestígio a cada nova edição dos Jogos. O objetivo é chegar na 5ª colocação, mas não será nada fácil. As Paraolímpiadas têm um grupo de vanguarda no qual despontam Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, China, França, Austrália e Alemanha.

A meta brasileira, portanto, é ambiciosa. Levando-se em conta o adiamento dos Jogos, que deveriam ter sido disputados no ano passado mas acabaram postergados em 12 meses por conta da pandemia de Covid-19, um prognóstico sobre as chances brasileiras na competição corre o risco de fugir da realidade.

Não se sabe, por exemplo, como foram os preparativos dos concorrentes durante a pandemia.

Os brasileiros, apesar das dificuldades, tiveram à disposição as instalações do centro de treinamento do CBP (Comitê Paralímpico Brasileiro), em São Paulo. Entretanto, as limitações impostas pelo estado de alerta na área da saúde não deixaram de ser um obstáculo.

No Rio, o protagonismo ficou com o atletismo e a natação, mas o Brasil foi ao pódio em 13 esportes, quatro deles de forma inédita –canoagem, ciclismo, halterofilismo e vôlei sentado. Mais ainda: 15 atletas (8 homens e sete mulheres) que ganharam medalhas tinham menos de 23 anos.

O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) é comandado pelo brasileiro Andrew Parsons desde 2017. Em entrevista no mês passado a Denise Mirás, do UOL, Parsons definiu as razões e a filosofia das Paraolimpíadas. Disse que não é questão de tolerância e sim de valorização, de celebrar.

E prosseguiu: é o momento em que se dá voz a um bilhão de pessoas no mundo que têm algum tipo de deficiência, que precisam ser ainda mais ouvidas por causa da pandemia. Afirmou que são muitos os estudos e relatórios dando conta que as pessoas com deficiência física foram afetadas de forma desproporcional pela pandemia de Covid-19.

Destacou também que em momentos de crise é possível que políticas públicas supostamente inclusivas não se mostrem inclusivas. Quando falta acesso a serviços de saúde, se é uma dificuldade para todo mundo, para a pessoa com deficiência essa dificuldade acaba aumentada pela própria condição.

Por todos esses obstáculos, os cuidados com a saúde dos atletas serão bastante rígidos. Os participantes são cerca de cinco mil, menos da metade do total das Olimpíadas disputadas recentemente. Repetindo o padrão de segurança, a presença de torcedores está vetada.

Com mais espaço e camas nas instalações da Vila Olímpica, a proteção deverá ser mais ampla. Haverá cuidados especiais com paratletas que, por causa de sua condição especial, costumam ter alterações na temperatura corporal.

As Paraolimpíadas são disputadas logo depois dos Jogos Olímpicos de verão, estreitando relações entre os comitês internacionais das duas organizações, alinhados por acordo que deve se estender até 2032.

O IPC também programou a participação em Tóquio de uma Equipe Paralímpica de Refugiados (RPT, na sigla em inglês). Os concorrentes serão uma mulher e cinco homens, que competirão nas modalidades de atletismo, natação, canoagem e taekwondo. Eles representarão as milhões de pessoas em todo o mundo que foram forçadas a fugir da guerra, perseguição e violações dos direitos humanos.

As Paraolimpíadas estão logo aí. Quem gosta de esportes deve aproveitar as noites de sono porque, na semana que vem, começa tudo de novo, com madrugadas repletas de competições.

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