Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu atletismo

Atletismo cria seleção permanente, mas adesão de estrelas é incerta

Nomes como Thiago Braz arrecadam mais com contratos individuais de patrocínio

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​O atletismo brasileiro retornou das Olimpíadas de Tóquio com duas medalhas de bronze na bagagem. Uma conquistada por Alison dos Santos, nos 400 m com barreiras, e outra por Thiago Braz, no salto com vara. Assim, subiu para 19 o total de medalhas do Brasil na história do atletismo olímpico (5 de ouro, 3 de prata e 11 de bronze).

A equipe nacional contou com 55 atletas (34 homens e 21 mulheres) no Japão. E teve outros dois finalistas: Darlan Romani, quarto no peso, e Izabela Rodrigues da Silva, 11ª no disco. Uma dupla disputou as semifinais: Paulo André Camilo de Oliveira, nos 100 m, e Rafael Henrique Pereira, nos 110 m com barreiras.

Pouco, levando-se em conta que a oferta de medalhas na modalidade é apetitosa, com cerca de 140 posições no pódio em cada edição dos Jogos Olímpicos. Uma nova estrutura elaborada pela direção do atletismo nacional visa impulsionar o alto rendimento, estágio de ponta no qual estão os atletas em condições competitivas no cenário de Olimpíadas, Mundiais e Pan-Americanos.

Thiago Braz tem duas medalhas olímpicas; para ele, projeto não deve valer a pena - Lindsey Wasson - 4.ago.21/Reuters

A crise socioeconômica que se instalou no país nos últimos anos, agravada pela pandemia do novo coronavírus, levou os patrocinadores em geral a diminuir investimentos na área de esportes. Com a expectativa de reduzir essa perda, a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) busca novos caminhos.

O primeiro passo da entidade é a criação de uma seleção permanente, integrada pelos competidores com potencial para atuar nos grandes eventos internacionais. Até agora esse tipo de atleta recebia incentivos via um programa de apoio, menos efetivo do que um projeto permanente com valores definidos previamente.

De acordo com rankings e resultados, foram relacionados os integrantes da seleção e estabelecidos salários de até R$ 11 mil (os mais graduados), com cobertura de despesas de transporte, hospedagem e alimentação no exterior, dentro de uma verba estipulada.

A proposta deixa os atletas livres para escolha de competições no exterior, as que forem mais adequadas para a melhor preparação de cada um.

O programa inicial está elaborado com 56 atletas e 37 treinadores que atendem aos critérios de meritocracia, devidamente registrados no sistema da CBAt. A entidade já publicou a relação dos beneficiados. Ambos os grupos devem decidir sobre a adesão ao programa, que terá avaliação semestral.

A princípio, novidades sempre causam algum desconforto e podem exigir ajustes. No atletismo, esse projeto de seleção permanente não está fugindo à regra. Ao mesmo tempo que ajuda os atletas que não ocupam postos de relevância no momento, pode não interessar às estrelas da modalidade, que arrecadam mais com contratos individuais de patrocínio.

É o caso, por exemplo, de Thiago Braz, também ouro e recordista olímpico nas Olimpíadas do Rio. Com currículo consagrado no esporte, as portas se abrem mais facilmente. E, como a carreira de um atleta é curta, ele não pode adiar oportunidades que o favoreçam. Deve aproveitar as chances que aparecem.

Diante dessa realidade, o projeto de uma seleção permanente embute alguns bloqueios profissionais, como uso de imagem e marcas, entre outros. Ajustes cabem em situações dessa natureza, mas esse tipo de relação é negócio, e os interesses mudam de patamar.

No retorno dos Jogos Olímpicos, a cartolagem do atletismo fez questão de ressaltar que tinha uma visão empresarial e que iria em busca de mais investimentos. Ressaltou a relevância dos incentivos à modalidade, enaltecendo parceiros diretos como Loterias Caixa, Prevent Senior, Max Recovery, Solst, Pista e Campo, Playpiso e Nike, e os apoios indiretos do Bolsa Atleta e do Bolsa Pódio que contemplaram praticamente toda a equipe, mais a Lei de Incentivo ao Esporte.

Portanto, a programação da seleção permanente, embora aprovada pela confederação, vai exigir algum tempo a mais de debates. Mesmo que não haja uma posição unânime sobre o novo projeto, não significa que ele deve ser abandonado.

O atletismo desfruta de muito prestígio no mundo esportivo e tem agenda de eventos carregada com disputas de repercussão internacional em todas as temporadas.

No ano que vem, o destaque será o Mundial no Oregon, Estados Unidos, em agosto; em 2023, haverá os Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile; e, em 2024, as Olimpíadas de Paris. Por isso, cartolas, atletas e treinadores não devem vacilar nas discussões.

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