"Estou muito feliz com esse novo desafio". A manifestação de Hugo Hoyama, aos 52 anos de idade, define bem o espírito da vida dele até aqui.
Depois de uma vitoriosa carreira como atleta e dos últimos oito anos como treinador da seleção brasileira feminina, ele está assumindo uma nova função: a de embaixador do tênis de mesa nacional, uma espécie de representante da modalidade.
Em resumo, troca as disputas do jogo propriamente dito pela atuação em eventos, detecção de talentos e ações para expansão do esporte que é sua paixão. Não se trata de uma decisão apenas pessoal, é um projeto partilhado pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa.
Ao lado dos demais técnicos da confederação, o novo trabalho começou nesta segunda (8) e vai até dia 13 com uma ação de detecção nacional de talentos, de jovens de 6 a 13 anos, realizada nas instalações do Centro Paralímpico, em São Bernardo do Campo, coincidentemente a cidade onde ele despontou para o tênis de mesa, defendendo as cores do Palestra local.
Hoyama cansou um pouco das incontáveis viagens como atleta e como técnico para treinamentos e competições no exterior. É interessante lembrar que ele embarcou para longos períodos de preparação em países europeus e asiáticos.
Para se ter uma ideia, Hoyama chegou a estagiar nove meses no Japão, treinando na Universidade Nihon Daigaku. Depois esteve na Suécia, onde defendeu o Ranas BTK de 1992 a 1994 e teve ainda passagens pelo Pantheon na Bélgica e, novamente na Suécia, pelo Falkenberg.
Isso tudo foi apenas o começo. Não parou mais, arrumou muitas malas. Simultaneamente, em períodos específicos, participou de inúmeros compromissos com a seleção brasileira.
A iniciação de Hugo Hoyama no tênis de mesa aconteceu bem cedo, aos 7 anos. Dez anos depois ele foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira. Disputou seis Jogos Olímpicos, de Barcelona-1992 a Londres-2012.
Os grandes momentos da carreira ocorreram nos sete Jogos Pan-Americanos que participou, de Indianápolis-1987 a Guadalajara-2011. Teve desempenhos brilhantes no Pan, arrebatando 15 medalhas: 10 ouros, 1 prata e 4 bronzes.
As cerca de quatro décadas passadas no tênis de mesa até agora propiciaram experiência para a nova função. Ele próprio afirma que a etapa foi gratificante e de aprendizado.
Por isso agradece o convite da confederação brasileira pelo respaldo à sua atuação, bem como ao apoio de Jean-René (consultor e ex-técnico da seleção nacional masculina) e aos treinadores que conviveram com ele, e que faz questão de citar, em release divulgado pela CBTM: Paco, Lincon Yasuda, Hideo Yamamoto. Diz que todos o ajudaram a crescer.
Oito anos atrás deu a primeira grande virada na carreira ao assumir o comando da seleção feminina adulta, mas continuou atuando também como atleta. A seleção das mulheres cresceu no período. Subiu para a Primeira Divisão do Mundial e lá permanece.
Ele cita essa evolução elogiando o respaldo das mesatenistas Ligia Silva (atualmente na seleção de base, como técnica) e Gui Lin (aposentada da seleção), que trabalharam com ele. As atletas Bruna Takahashi e Carol Kumahara também contribuíram.
Agora, Hoyama tem um motivo especial para mudar novamente sua trajetória no esporte: quer ficar um pouco mais perto da família, da filha Ariel, 4, e da mulher Cindy, com quem é casado há 7 anos.
A confederação de tênis de mesa vai esperar mais algum tempo para anunciar o substituto de Hoyama na seleção. Deve acontecer rápido, pois o ciclo olímpico para Paris-2024 é curto e a integração das atletas e da comissão técnica depende de muita observação.
A seleção feminina quer se aproximar da masculina, melhorar o seu nível técnico e, consequentemente, evoluir nos resultados. Não é nada fácil, pois o tênis de mesa requer muita atividade psicológica, preparação física e destreza. São condições que exigem tempo e trabalho específico e intenso.
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