Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu tênis de mesa

Balé Bolshoi vira referência para tênis de mesa do Brasil

Modelo de governança e estrutura da escola de dança servirão de inspiração para confederação

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O tênis de mesa do Brasil melhorou sua performance em eventos internacionais na última década e está empenhado na tentativa de chegar ao patamar dos destaques mundiais da modalidade. Para tanto, busca caminhos impensáveis até pouco tempo atrás como a inspiração no balé. Isso mesmo, decidiu tomar também como referência uma escola de dança.

Um passo nesse sentido foi dado há um mês com o envio pela CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa) de alguns de seus dirigentes e técnicos ao balé Bolshoi de Santa Catarina, cujo projeto tem como meta a alta performance.

A Escola do Teatro Bolshoi do Brasil é a única filial no mundo do tradicional e renomado balé da Rússia. Sem fins lucrativos, funciona em Joinville desde março de 2000, com apoio dos governos municipal e estadual e do grupo chamado Amigos do Bolshoi. Tem como missão formar artistas cidadãos e figurar entre as dez principais escolas da especialidade do planeta.

Brasileiro Hugo Calderano em ação durante Mundial de Tênis de Mesa, em Singapura - Roslan Rahman - 5.dez.21/AFP

A instituição seleciona 140 novos interessados anualmente, do Brasil e do exterior e oferece aos alunos bolsa de estudos integral, alimentação, transporte, uniformes, figurinos, assistência social, orientação pedagógica, odontologia preventiva, atendimento fisioterápico, nutricional e assistência médica de emergência pré-hospitalar.

São seus valores disciplina e paixão, excelência, tradição com capacidade de se reinventar, respeito às diferenças e aos talentos, humildade, transparência e comprometimento com a sustentabilidade do negócio.

A governança e a estrutura multidisciplinar do Bolshoi catarinense impressionaram os visitantes. O coordenador de seleções olímpicas da CBTM, Lincon Yasuda, está convencido que só colocar mesa e bolinha não garantirá o pleno desenvolvimento do tênis de mesa. Para ele, a melhor solução é uma estrutura completa, que possibilite se dedicar integralmente tanto ao esporte quanto aos estudos. Enfim, uma metodologia que acompanhe o aluno desde a iniciação até o nível de excelência, no profissionalismo.

Nessa mesma direção, embora num estágio ainda inicial de discussão, a confederação de tênis de mesa estuda a viabilidade de montar um centro de treinamento da modalidade, que permitirá concentração de atividades e evolução das seleções nacionais.

Nas Olimpíadas, o Brasil nunca ganhou medalha, mas mostrou em Tóquio, no ano passado, que pode sonhar com o inédito pódio. Hugo Calderano ficou em quinto no individual, enquanto Gustavo Tsuboi terminou em nono. Por equipes, o conjunto masculino (Hugo Calderano, Gustavo Tsuboi e Vitor Ishiy, mais o reserva Eric Jouti) chegou em quinto, e o feminino (Bruna Takahashi, Caroline Kumahara e Jéssica Lie Yamada, mais a reserva Giulia Takahashi), em nono.

Na temporada 2021, em novembro, Calderano quebrou um jejum de 83 anos de atletas das Américas ao alcançar o quarto posto no ranking mundial. Três chineses o superaram: Fan Zhendong, Ma Long e Xu Xin. Nas Américas, apenas um atleta havia chegado tão longe: Sol Schiff, dos Estados Unidos, em 1938, reconhecido como o quarto melhor do mundo daquele ano pela ITTF (Federação Internacional de Tênis de Mesa).

Calderano, o astro do tênis de mesa nacional, continua morando e treinando em Ochsenhausen, na Alemanha, onde defendia o clube da cidade, mas se transferiu recentemente para o time russo Fakel Gazprom Orenburg, pentacampeão europeu. Ele viaja à Rússia nos períodos de competição pela nova equipe.

Pelo trabalho que vem desenvolvendo, a CBTM venceu pela segunda vez consecutiva o Prêmio Sou do Esporte de melhor governança entre as confederações nacionais do setor. A Sou do Esporte é uma associação sem fins lucrativos que atua como rede de relacionamento entre atletas, entidades esportivas, poder público e setor privado. Aponta como seus principais valores a ética, a transparência, o trabalho em equipe e a responsabilidade com si próprio e terceiros.

A confederação brasileira tem outras novidades. Vai implantar, por exemplo, mudanças na distribuição de recursos para as seleções nacionais. A proposta é promover benefícios para novos talentos. A UniTM (Universidade do Tênis de Mesa) também está inserida neste processo, inclusive com o apoio da ITTF, através dos projetos da área de desenvolvimento da entidade mundial.

A UniTM é um braço educacional da CBTM, que tem o objetivo principal de abrigar um programa completo de capacitações para o desenvolvimento de treinadores, árbitros e gestores da modalidade. É dirigida por Taísa Telli, professora da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp e pesquisadora de esportes de raquete.

Alaor Azevedo, presidente da CBTM e vice da federação internacional, afirma que quando despontam atletas com potenciais resultados é preciso investir nesses talentos. Ou seja, dar respaldo aos novos valores e deixar a tarefa para equipes capacitadas.

Governança é um dos desafios para o desenvolvimento dos esportes no Brasil. Assim sendo, o tênis de mesa idealiza um projeto para novos tempos, jornada que merece um voto de confiança e paciência.

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