Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Ásia

Covid-19 altera planos da China na reta final para os Jogos de Inverno

Pandemia impede venda de ingressos, enquanto Brasil anuncia sua delegação

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Apesar das dificuldades do momento para o zelo da saúde das populações mundo afora, as Olimpíadas de Inverno de Pequim estão confirmadas. Na China, como em inúmeros países, as infecções comunitárias da variante ômicron do coronavírus, altamente contagiosa, estão se expandindo.

Entretanto, até o momento, não se discute qualquer hipótese de adiamento por causa da onda mundial do novo coronavírus e suas variantes, além das contaminações pela gripe H3N2.

Os organizadores, como é praxe em ocasiões dessa natureza, apertam as medidas para garantir a segurança dos participantes e da população do país sede. A abertura do evento está programada para o próximo dia 4. Portanto, faltam apenas 17 dias.

As mascote dos Jogos de Inverno de Pequim-2022
As mascote dos Jogos de Inverno de Pequim-2022 - Jade Gao - 11.jan.22/AFP

O COI (Comitê Olímpico Internacional) anunciou na segunda (17) que os ingressos não serão mais vendidos ao público em geral. A justificativa para essa decisão é o risco da pandemia. Haverá público reduzido nas competições. Os bilhetes não serão mais comercializados, mas distribuídos a um número limitado de pessoas.

O novo coronavírus foi inicialmente observado em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, e se espalhou pelo mundo. Após um início trágico, com contaminações e mortes, os chineses controlaram a crise.

O mundo estava assustado, pois a população da China é numerosa. Até o final do ano passado, dados que acabam de ser revelados pelo governo chinês apontaram 1,4 bilhão de habitantes no país.

Essa contagem, segundo o NBS (National Bureau of Statistics), não inclui residentes e estrangeiros de Hong Kong, Macau e Taiwan que vivem nas 31 províncias, regiões autônomas e municípios do continente.

A atitude do governo dos Estados Unidos, acompanhada por poucos aliados, de não enviar representantes diplomáticos a Pequim durante as Olimpíadas está morna e nada tem a ver com pandemia. É mais um jogo da política internacional, uma tentativa de arruinar a imagem da China, acusada de violação de direitos humanos.

A presença de diplomatas e líderes de governo em grandes eventos internacionais como as Olimpíadas é uma reverência ao país organizador do evento, embora o gesto em praticamente nada interfira nas disputas esportivas. O boicote levantado pelos norte-americanos não inclui os atletas, que participarão normalmente das Olimpíadas.

Por isso, o presidente chinês Xi Jinping está aproveitando a situação para declarações otimistas sobre os Jogos, dizendo que serão simplificados, seguros e esplêndidos. Foi esse o tom do discurso dele na sessão virtual do Fórum Econômico Mundial de 2022. O lema oficial para Pequim 2022 é "Juntos por um futuro compartilhado", destacou Xi. O lema vira papo de político quando um líder político dele se apropria.

O debate político parece não despertar muito o interesse do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do governo brasileiro, que não fizeram nenhuma declaração sobre o boicote, seus motivos e possíveis desdobramentos. Aparentemente alheio ao debate, o COB organiza a participação brasileira em Pequim e tem esquema para recepção da seleção nacional na capital chinesa.

O time contará com 11 atletas, mas um deles viajará como reserva. Portanto, o número oficial é 10, com a possibilidade de abertura de mais duas vagas que estão sendo disputadas por Marina Tuono, no monobob, e Augustinho Teixeira, no snowboard.
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As Olimpíadas de Pequim-2022 serão a nona participação brasileira em Jogos de Inverno, iniciada em Albertville-1992. Até hoje, 35 atletas brasileiros, de oito esportes, já participaram da competição. O recorde do país foi em Sochi-2014, com 13 atletas em sete modalidades.

O destaque da delegação é Jaqueline Mourão, 46, que vai bater o recorde de participações em Olimpíadas. Ela competiu em quatro Jogos de inverno e em três de Verão. Em meados do ano passado, a versátil atleta pedalou em Tóquio. Em Pequim, Jaqueline vai integrar o esqui cross-country, que conta também com a estreante Bruna Moura.

O currículo de Mourão é espetacular e mostra a versatilidade da atleta. Esteve nas Olímpíadas de inverno em Turim-2006 (esqui cross-country), em Vancouver-2010 (esqui cross-country), em Sochi-2014 (biatlo e esqui cross-country) e em PyeongChang-2018 (esqui cross-country). Nos Jogos de verão, atuou em Atenas-2004 (ciclismo mountain bike), em Pequim-2008 (ciclismo) e Tóquio (ciclismo).

A Folha tem ampla reportagem sobre o perfil de todos os integrantes da seleção brasileira. Além de Mourão e Moura, completam a delegação: Manex Silva (cross country), Nicole Silveira (skeleton), Sabrina Cass (esqui estilo livre), Michel Macedo (esqui alpino) e o conjunto do bobsled com Edson Bindilatti, Rafael Souza, Edson Martins, Erick Viana e Jefferson Sabino (provável reserva).

Em pleno verão no Brasil, os Jogos Olímpicos de Pequim mostrarão acirradas disputas na sua versão de inverno. Mas não se deve esperar medalhas do Brasil, país tropical, que nunca foi ao pódio. Valerá dar ao menos uma espiada nas competições. As habilidades dos atletas no gelo são incríveis.

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