Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Pandemia leva mais tensão aos Jogos de Inverno que boicote dos EUA

Movimento de protesto dos norte-americanos não parece que afetará as competições

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Como em Tóquio, no Japão, em meados do ano passado, a capital da China, Pequim, também se debate contra o impacto da pandemia do novo coronavírus para realizar a versão de inverno dos Jogos Olímpicos, com abertura prevista para o próximo dia 4.

Os japoneses enfrentaram um ano de adiamento, de 2020 para julho de 2021, da versão de verão das Olimpíadas, e conseguiram concluir a obra mesmo com a pandemia registrando mortes em todas as partes do mundo. Embora sob riscos de uma tragédia, foi um feito memorável.

Passados cerca de cinco meses, a batata quente está nas mãos dos chineses para levar à frente a versão de inverno das Olimpíadas. É bom deixar claro que até o momento não houve ameaça de adiamento do evento, mas a variante ômicron do coronavírus causa muita apreensão. Embora apresente quadro menos mortal, a variante é mais agressiva nas contaminações, segundo vários especialistas.

Profissionais de uma equipe de desinfecção trabalham no Centro de Imprensa de Pequim
Profissionais de uma equipe de desinfecção trabalham no Centro de Imprensa de Pequim - Fabrizio Bensch/Reuters

Na comparação das populações dos dois países, os números são bem distintos: o Japão tem 125 milhões de habitantes e a China, 1 bilhão e 400 milhões.

Os cálculos da população de cidades e regiões metropolitanas variam de acordo com o método adotado, portanto não são confiáveis para comparações diretas. Levantamentos apontam 37 milhões para Tóquio, a região de maior concentração de pessoas no mundo. Em Pequim, dados de divulgação cravam 22,1 milhões, mas outras duas zonas também terão disputas: Yanqing e Zhangjiakou.

No Japão, 11.092 atletas foram inscritos nos Jogos, representando 205 países. Na China, a previsão é de 90 países. Nas últimas Olimpíadas de Inverno, em PyeongChang, na Coreia do Sul, os registros indicaram 2922 atletas (1680 homens e 1242 mulheres) de 92 países.

Diante dos riscos à saúde, a China reduziu as cerimônias, deixando-as bem menores do que as das Olimpíadas de Verão, de 2008, também realizadas em Pequim. O diretor de cinema chinês Zhang Yimou, chefe das cerimônias de abertura e encerramento, reprisando seu papel nas Olimpíadas de 2008, adiantou que a abertura no Estádio Nacional, conhecido como Ninho de Pássaro, contará com cerca de 3.000 artistas e durará menos de 100 minutos. O número de artistas equivale a um quinto da cerimônia de 2008 e a duração, menos da metade.

Tianjin, cidade de 1,4 milhão de habitantes, considerada como importante porta de entrada para Pequim, acaba de iniciar testes de Covid-19 em toda a sua área. A medida antiepidêmica foi impulsionada pela confirmação, no último fim de semana, de duas infecções da Ômicron na comunidade. Há outras cidades com fortes restrições para combater o vírus.

Nunca é demais destacar que a China foi o berço da pandemia do novo coronavírus, no final de 2019, na cidade de Wuhan, no centro do país. Com medidas drásticas na luta contra o vírus, conteve o agravamento das contaminações no seu território, mas não evitou a pandemia.

De todo modo, e dentro do possível, os chineses não medem esforços na aplicação de contramedidas para garantir a boa saúde da população e dos visitantes relacionados aos Jogos.

A promessa dos organizadores e dos governantes de que as medidas serão mais intensificadas nas próximas semanas alimenta um voto de confiança dos participantes olímpicos do exterior. Depois do encerramento dos Jogos, em 20 de fevereiro, estão programadas as Paralimpíadas de Inverno, de 4 a 13 de março.

Além da pandemia, que deixa os nervos dos chineses à flor da pele, os organizadores dos Jogos e os governantes do país estão acossados pelo boicote diplomático anunciado pelos Estados Unidos e que até agora conta com o respaldo de poucos aliados.

O movimento acirra os ânimos de rivais do país das Olimpíadas, atira pedras no governo da China, colocando-o sob pressão em protesto por supostos tratamentos desumanos, genocídio, humilhações, torturas e violência contra muçulmanos na província chinesa de Xinjiang.

Vários países e a HRW (Human Rights Watch), organização internacional de direitos humanos, também concordam com a visão dos EUA. Apesar disso, o movimento de protesto não parece ameaçar as competições, pois todos os integrantes do boicote liberarão seus atletas para lutar por medalhas em Pequim. A sensação é de blefe político, faz barulho mas não sai do lugar.

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