Eduardo Scolese

É editor de Poder e está no jornal desde 1998. Já foi repórter em Brasília, coordenador da Agência Folha e da Sucursal de Brasília e editor de Cotidiano, entre outras funções. É autor de quatro livros: "A Reforma Agrária", "Viagens com o Presidente", "Pioneiros do MST" e "Eleições na Estrada".

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Lula e Moro ajudam Bolsonaro

Ex-presidente e ex-juiz federal têm em comum a incapacidade de admitir seus erros

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Ainda restam 844 dias para as próximas eleições presidenciais, e até 2 de outubro de 2022 uma pergunta seguirá rondando o cenário político nacional. Quem foi mais decisivo para a criação do fenômeno Jair Bolsonaro: Moro ou Lula?

Há diferentes versões sobre isso, e uma mistura delas talvez aponte um caminho mais claro daquilo que só as próximas gerações poderão explicar sem as atuais contaminações raivosas.

Lula entregou seu governo ao centrão, abriu as portas para um assalto à Petrobras, aceitou presentes de donos de empreiteiras e tocou um governo covarde para reformas mais profundas. A rejeição aos petistas se transformou em ódio e abriu espaço à direita.

Já Moro foi decisivo para o impeachment de Dilma, ao fazer um gol de mão na Lava Jato e liberar fora da regra (segundo o Supremo) o áudio de conversa entre Lula e a presidente.

O ato do então juiz impediu a posse do ex-presidente como “primeiro-ministro” de sua sucessora, naquela que era a principal cartada de Dilma para retomar o fôlego de seu governo.

Moro, segundo mostram mensagens obtidas pelo Intercept Brasil, também tem sua atuação em xeque na força-tarefa que colocou Lula na prisão e o retirou da disputa de 2018.

O STF sentou em cima desse caso e ainda deve uma resposta à sociedade se o então juiz foi ou não parcial em suas decisões.

Lula terminou seu segundo mandato com 83% de aprovação, e Moro liderou uma operação anticorrupção sem precedentes no país. E ambos têm em comum algo que incomoda os eleitores, a incapacidade de reconhecer seus próprios erros.

Em diferentes entrevistas, Moro é incapaz de admitir falhas como juiz e ministro de Bolsonaro. “Se você tiver um exemplo específico…”, disse Moro, diante de pergunta da Folha na semana passada sobre seu período no governo.

Já Lula, desde sua saída da prisão, repete que o PT não precisa fazer nenhuma autocrítica.

Moro age como pré-candidato à Presidência, assim como o petista. A diferença é que Lula é ficha-suja e mais uma vez terá de passar o bastão na reta final de campanha. Fernando Haddad segue como favorito, afinal lembra o padrinho quando o assunto é incapacidade de admitir erros, tanto os do PT como de sua gestão na prefeitura paulistana.

Fechados em seus blocos de apoiadores, Moro e Lula só ajudam Bolsonaro. Enquanto isso, o presidente mantém seus desmandos, sob o legítimo respaldo de 57,8 milhões de votos em 2018, mas também com uma conta ilusória do Somos 70%, a construção de uma base de apoio no Congresso e a força de 33% dos brasileiros que consideram sua gestão ótima ou boa e já o colocam ao menos com um pé no segundo turno de 2022.

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