No início da década de 1930, o Duesenberg SJ era o carro mais luxuoso que o dinheiro podia comprar. O modelo americano de produção artesanal tinha infinitas combinações de carroceria e interior. Hoje parecem mais belos do que há 80 anos, quando a empresa fechou as portas.
Vários fatores explicam a falência: a crise de 1929, a derrocada do público-alvo, a bancarrota de financiadores. Tudo isso somado à falta de tino para negócios dos irmãos Duesenberg, que não transformaram genialidade em lucro.
A curta história da marca –pouco mais de duas décadas– tem pontos em comum com a trajetória da Tesla, a fabricante dos melhores carros elétricos da atualidade.
A Duesenberg quase faliu no meio do caminho, mas foi salva pelo industrial Errett Lobban Cord (1894-1974). A Tesla também esteve prestes a quebrar, mas sobreviveu ao ser comprada por Elon Musk.
Assim como o SJ em sua época, o Model S e o Model X são símbolos de status e inovação em quaisquer mercados em que estejam à venda.
As semelhanças se repetem nos riscos envolvidos.
A Tesla está prestes a atingir os 200 mil carros vendidos por ano nos EUA. Ao ultrapassar esse número, perde incentivos governamentais, o que deve impactar nos preços –já elevados– e na redução do lucro.
Na Duesenberg, o aumento das vendas tornou-se um problema: a empresa não dava conta da demanda, algo grave quando seu público tem dinheiro para adquirir um Rolls-Royce a pronta-entrega.
A Tesla tem dificuldades para lidar com o sucesso de seu novo carro, o Model 3. A produção em larga escala ainda não engrenou, derrubando o valor das ações. Enquanto isso, rivais apresentam modelos elétricos com baterias melhores e sistemas autônomos, principais apelos dos carros de Elon Musk.
Contudo, Musk parece ter muito mais jeito com finanças do que Cord e os irmãos Duesenberg, embora ninguém saiba se a Tesla já é rentável. É essa questão que dirá se os elétricos mais incríveis em produção irão mais longe do que os veículos mais luxuosos que o mundo já viu.
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