Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Carros precisam de renovação

Automóveis incapazes de proteger seus ocupantes em colisões circulam na contramão da modernidade

Trânsito na Av. 23 de Maio, em São Paulo
Trânsito na Av. 23 de Maio, em São Paulo - Nelson Antoine/Folhapress, COTIDIANO
Eduardo Sodré
São Paulo

Há temas que são tabu no conjunto de regulamentações de trânsito no Brasil. Falar em renovação da frota é como cercear o direito de ir e vir de quem não pode adquirir um automóvel atual. A grita também é geral quando se fala em restringir a circulação de veículos de carga em períodos de grande movimento nas rodovias, como os feriados.

O problema ocorre quando os mundos se cruzam: carros e caminhões mal conservados dividindo espaço no tráfego congestionado.

O resultado aparece em estatísticas: 103 mortos em acidentes nas estradas no período do Carnaval, entre sexta (9) e quarta (14), com 1.524 feridos. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal.

Houve queda de 31% no número de óbitos em relação a 2017, fato que, apesar do alívio, não dá motivos para comemorações.

Caso as evoluções propostas há mais de 20 anos, época em que o atual Código de Trânsito Brasileiro entrou em vigor, tivessem se tornado realidade, a quantidade de vítimas seria certamente menor.

A idade média da frota de caminhões é superior a 10 anos, segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e o Sindipeças. São veículos com milhões de quilômetros rodados e manutenção nem sempre em dia.

Carros incapazes de proteger ocupantes em colisões circulam na contramão da modernidade. Muitos donos teriam interesse em se livrar desses veículos caso lhes fossem oferecidos benefícios para adquirir um modelo mais novo, mesmo que seja um usado em melhores condições.

Mas as propostas de renovação não seguem adiante, sempre preteridas nos incentivos governamentais ou nos pedidos de socorro feito pelas montadoras em crise.

Com as novas exigências de segurança e redução de emissões de poluentes que devem surgir com o programa Rota 2030, é o momento de retornar ao tema, sem medo de chamar carro velho de sucata. A legislação que virá e a retomada nas vendas precisam gerar também um ciclo de renovação mais amplo que a simples troca de um carro seminovo por um zero-quilômetro.

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