Se tem Copa do Mundo, há também algum automóvel nacional produzido em alusão ao evento. O escolhido de 2018 é novamente o Hyundai HB20. A montadora, que está entre as maiores patrocinadoras do campeonato, repete estratégia de 2014.
É a receita de sempre: adesivos na lataria e bordados comemorativos, equipamentos adicionais (o sistema de som recebe sinal de TV) e preço pouco acima do cobrado por versões mais simples.
Os sul-coreanos roubaram a bola da Volkswagen, que criou a tradição em 1982 ao lançar o Gol Copa. O modelo, que vivia à sombra do Fusca, ganhou luz própria a partir da série especial. Deu tão certo que a fabricante repetiu a dose nos campeonatos de 1994 e de 2006, além de lançar a série Seleção em 2010 e 2014, quando patrocinava a CBF.
A Chevrolet teve seus modelos especiais nos anos 90, quando lançou o Kadett Turim (1990), o Monza USA (1994) e a linha Champ (1998).
Além do abismo tecnológico que os separa, há uma diferença de mercado e de cultura entre o Gol de 1982 e o HB20 de agora. O papel do automóvel está mudando.
O Volks de 36 anos atrás representava uma das maiores conquistas do brasileiro. Símbolo de status e liberdade em um tempo em que não havia o conceito de carro popular. Automóvel e casa própria, a materialização do sucesso na vida.
Hoje, carros deixam de ser prioridade entre os jovens, que já não correm mais às autoescolas ao completar 18 anos. A indústria rói as unhas: precisa gastar bilhões para desenvolver carros limpos e altamente conectados sem ter a certeza de que isso despertará o desejo de quem nasceu após o ano 2000.
Além disso, aplicativos de transporte, compartilhamento e sistemas de automação fazem o desejo de possuir um veículo ser aplacado.
Nesse futuro, haverá interesse por séries especiais alusivas à Copa do Mundo? Talvez os apaixonados por carros –que sempre existirão– sejam numerosos o suficiente para justificar a produção. Será interessante ter um carro autônomo para assistir aos jogos enquanto se viaja durante o campeonato de 2038.
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