Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Eduardo Sodré

Picapes voltam a atrair compradores nas grandes cidades

Feitas para o ambiente rural, há uma leva de modelos luxuosos a caminho, com perfil mais urbano

Nos anos 1980, período em que era proibido importar automóveis, as picapes de trabalho transformadas em utilitários esportivos eram os carros de alto luxo no Brasil. Tudo se resolvia com criatividade, fibra de vidro e ar-condicionado.​

Havia um público disposto a pagar o equivalente a R$ 300 mil em uma XK Deserter, versão transformada da Ford F-1000 que era feita pela SR Veículos. Sua concorrente era a Brasinca Andaluz, construída sobre a Chevrolet D20.

Com a abertura do mercado, as picapes importadas herdaram o status das antigas versões nacionais. Ter uma Mitsubishi L200 azul e prata indicava que as coisas iam bem para o dono. Pouco importava a dificuldade em estacionar ou se a caçamba só transportava poeira.

Esse passado tende a se repetir.

As picapes vão bem na retomada do mercado. As dez mais vendidas somaram 65,8 mil unidades emplacadas no primeiro trimestre de 2018, um aumento de 10% sobre o mesmo período em 2017.

Muitas foram entregues a frotistas e produtores rurais, sendo usadas como carro de trabalho. Mas há uma nova leva de modelos luxuosos a caminho, com perfil mais urbano.

A Volkswagen lança a Amarok V6, sempre equipada com câmbio automático, cabine dupla e outros mimos. A marca também prepara uma opção menor, para disputar mercado com a Fiat Toro.

A Mercedes terá a Classe X, que estreia em 2019. Sua linha de produção na Argentina dividirá espaço com a Renault Alaskan, que também será vendida no Brasil.

São veículos com mais de cinco metros de comprimento e quase dois de largura, dimensões pouco amigáveis no trânsito urbano. As mais desejadas consomem diesel, que está saindo de moda devido a problemas incontornáveis de emissões.

Feitas para o ambiente rural, tornam-se obscuros objetos do desejo nas bordas das grandes cidades. 

Tornam-se o passo adiante para muitos que hoje já não se sentem tão poderosos em seus jipinhos e jipões. Ou um passo atrás, que remonta ao complicado Brasil da década de 1980.

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