Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Eduardo Sodré

Acidente na F-1 alerta para insegurança fora da pista

Equipamentos de proteção existem para salvar vidas em situações imprevisíveis

A apresentação dos carros da temporada 2018 de Fórmula 1 foi marcada por críticas pesadas. O alvo era o halo, a estrutura colocada ao redor do piloto para aumentar a proteção em caso de acidente.

A necessidade do equipamento foi questionada por chefes de equipes, torcedores e pilotos. O fato de se parecer com as tiras de um chinelo também não ajudou a popularizar o item.

 

Até que, no Grande Prêmio da Bélgica, no último dia 26, Fernando Alonso voou com sua McLaren sobre a cabeça de Charles Leclerc, da Sauber.

As marcas deixadas no halo por um carro de 700 quilos poderiam estar no capacete do jovem piloto. Foi um acidente improvável, e é exatamente para esse tipo de situação que itens de segurança são desenvolvidos.

Quais são as chances estatísticas de um carro ser atingido por outro ao passar em um cruzamento? Baixas, com certeza. Mas, caso um acidente assim ocorra, airbags laterais podem ser o fio que separa vida e morte.

No Brasil, esse equipamento começa timidamente a ganhar espaço, embora ainda relacionado a carros caros. É item de série no Corolla (R$ 91 mil) —que oferece também uma bolsa inflável para proteger os joelhos do motorista em caso de colisão—, mas não está disponível no Etios (R$ 48,7 mil), ambos da Toyota.

A marca japonesa não é exceção, todas as montadoras têm exemplos semelhantes.

Ana Theresa Borsari, responsável pelas marcas Peugeot, Citroën e DS no Brasil, diz que ocorre um fato curioso nas pesquisas feitas com potenciais clientes. Mesmo entre os que dizem priorizar a segurança da família ao escolher um carro, poucos elegem os airbags laterais como um item indispensável.

Isso não quer dizer que os consumidores estejam mentindo. Trata-se de uma questão cultural: “Eu dirijo bem, não vou me envolver em acidentes”, é o que muitos pensam.

Talvez os pilotos tivessem a mesma opinião sobre o halo, até que um carro caiu sobre a cabeça de um deles. Ainda assim, muitos vão questionar a importância do equipamento, dado a especificidade do acidente na Bélgica.

Podemos criticar as montadoras por não equiparem todos os seus carros com airbags laterais para tórax e cabeça ou os compradores por preferirem um sistema multimídia moderno a itens de proteção na hora da compra. Contudo, é uma questão de legislação.

A indústria segue o que manda a lei, no limite entre a rentabilidade e o desejo de seu público.

No dia em que testes de impacto lateral forem exigidos para que um carro seja homologado e vendido no Brasil, qualquer veículo terá de ter airbags além dos frontais, que já são obrigatórios. Foi assim na F-1: sem halo, ninguém corre.

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