Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Documento do carro passa a trazer aviso de recall pendente

Nova regra deve reduzir número de motoristas que desconhecem risco de veículos com defeito

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Entrou em vigor neste mês a norma que insere no documento do carro o aviso de que há um recall pendente. Esse chamado ocorre quando o veículo apresenta um defeito de fábrica que representa risco à segurança, e seu conserto não pode ser cobrado pela montadora.

Se o carro tiver sido convocado há mais de um ano e seu motorista ainda não tiver agendado ou executado o reparo, a mensagem que indica a existência do problema vai ser incluída na renovação do licenciamento.

Após o conserto, os prestadores do serviço terão 15 dias para comunicar ao Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) que o problema foi solucionado. A pendência será excluída do histórico do veículo e não constará no próximo documento.

Vista aérea de carros, no pátio da montadora alemã Volkswagen, em São José dos Campos (SP)
Vista aérea de carros, no pátio da montadora alemã Volkswagen, em São José dos Campos (SP) - Roosevelt Cassio/Reuters

A mudança deve estimular o comparecimento às concessionárias —ninguém quer correr riscos nem ter seu carro desvalorizado por um problema que pode afetar a segurança do condutor. 

Em 2018, 2,2 milhões de carros foram convocados para a correção de algum defeito de fábrica. Segundo o Procon-SP, apenas 325 mil unidades passaram pelo reparo naquele período.

O problema torna-se mais grave quando pensamos nas centenas de milhares de veículos que tiveram um defeito detectado no passado e não foram consertados. Esses carros vão passando de mão em mão ao longo dos anos sem que o motorista saiba que há algo errado.

Só em 2018, cerca de 10 milhões de veículos usados foram negociados no Brasil. Nesse universo há uma quantidade gigantesca de carros com recall pendente.

Hoje, a forma de comunicação é ineficiente. As fabricantes cumprem normas legais de anúncio, mas os protocolos não contemplam o consumidor médio brasileiro.

Muitos carros são chamados anos depois de terem sido produzidos, quando já não têm valor expressivo de mercado e circulam por áreas carentes do país. Seus donos desconhecem os problemas e tampouco sabem que têm direito ao reparo gratuito.

Não importa o estado do carro nem se a documentação está em dia. Todos os automóveis que carregam algum defeito de fabricação que coloca a vida de seus ocupantes em risco devem ser consertados sem custo em uma concessionária autorizada.

Aí há um outro problema, levantado por Rodolfo Rizzotto, autor do livro “Recall – O que as Montadoras não Contam”: se o dono morar em uma região sem revendedores da marca de seu carro, o serviço não será de fato gratuito. Haverá o custo do deslocamento e, em alguns casos, necessidade de hospedagem. As montadoras também deveriam arcar com essas despesas.

A regra nova, portanto, ainda está longe de ser perfeita, mas, ao menos, reduz o número de motoristas que desconhecem o risco de rodar com seus veículos.

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