Quando se fala em fusões como a que agora envolve os grupos FCA Fiat Chrysler e PSA Peugeot Citroën, o grande público imagina o surgimento de carros idênticos com logomarcas diferentes. É o que ocorreu com Volkswagen Apollo e Ford Verona, nos tempos da Autolatina (1987-1996).
É possível que surjam alguns gêmeos, mas serão cada vez mais raros. Os casamentos modernos de empresas buscam preservar a identidade das marcas cortando custos onde o olho do consumidor não alcança.
O novo Opel Corsa é um exemplo recente. O carro mantém a linguagem visual da montadora alemã, embora compartilhe plataforma e motores com a segunda geração do Peugeot 208, que chega ao Brasil no próximo ano.
A Volkswagen faz o mesmo. A base modular MQB está presente na maior parte dos carros atuais do grupo, que inclui modelos Audi, Seat e Skoda.
Compartilha-se o que é mais caro (plataforma, motores e transmissões) para preservar a personalidade de cabines e acabamentos. As sensações ao volante também são diferentes, com calibragens de suspensão e de performance próprias para cada veículo.
A evolução tecnológica permite transformar um mesmo sistema multimídia em algo exclusivo. Grafismos e cores são modificados, e isso nem é tão importante em tempos de Apple Carplay e Android Auto. No fim, o motorista conecta seu smartphone e a tela do carrão de luxo fica quase idêntica à do modelo popular.
Haverá cada vez menos plataformas, tendência que será acelerada com o avanço dos carros elétricos. A parte de baixo desses veículos é extremamente simples, basicamente uma bateria gigante conectada à estrutura. A criatividade vai estar na parte de cima.
Já os carros gêmeos deverão se limitar aos segmentos em que o lado racional prevalece. Isso já acontece no mercado de vans comerciais, resultado das fusões de diferentes marcas.
Um exemplo ocorreu no Brasil: as hoje parceiras Fiat, Peugeot e Citroën já produziram em conjunto os modelos Ducato, Boxer e Jumper. Os utilitários, que foram montados em Sete Lagoas (MG), compartilhavam tudo, menos as logomarcas.
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