Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Carro elétrico anima, mas é preciso pensar no bolso do consumidor

Caros, modelos ainda são restritos a público que não deve estar preocupado com a desvalorização de seus veículos atuais

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Fabricantes de carros de luxo parecem animadas com o futuro dos veículos elétricos no Brasil. Uma semana após a Mercedes-Benz anunciar que o utilitário EQC chega às lojas em junho, a Audi confirmou nesta quinta (20) que o e-Tron estreia em abril.

As empresas divulgam dados otimistas sobre o presente, mas é necessário olhar para questões futuras.
Segundo a Audi, 40% de seus clientes no mundo têm interesse de adquirir um carro elétrico nos próximos dois anos. Embora o dado seja restrito a consumidores de alta renda e de uma única marca, indica que já existe um desejo de compra consolidado.

No Brasil, os números que acompanham as apresentações desses veículos são sempre positivos, apesar da falta de infraestrutura. O custo atual para uma recarga completa do e-Tron em casa é estimado em R$ 70, valor suficiente para rodar cerca de 400 quilômetros no trânsito urbano.

O elétrico e-Tron, da Audi, que chega ao Brasil em abril
O elétrico e-Tron, da Audi, que chega ao Brasil em abril - Zheng Huansong - 9.jan.2020/Xinhua

Um carro popular a gasolina gastaria o dobro para percorrer a mesma distância em uma cidade como São Paulo.

Se a matriz energética for limpa, o usuário de um carro elétrico poderá gastar menos e dirigir sem transportar o peso da poluição de carona.

Os pontos de recarga se multiplicam. A Audi afirma que vai investir R$ 10 milhões até 2022 em parceria com a Engie para instalar 200 tomadas de 22kW pelo país, capazes de encher as baterias em três horas. A sueca Volvo também terá 500 novos plugues disponíveis nos próximos dois anos.

Associações em prol do veículo elétrico já pensam em campanhas de conscientização para que síndicos sejam simpáticos à ideia de mudar regras de condomínios e instalar tomadas nas vagas.

Enquanto isso, um projeto de lei aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado prevê a proibição da venda de veículos novos movidos apenas a gasolina ou diesel a partir de 2030. Carros flex, elétricos ou híbridos continuarão no mercado.

Enquanto o cenário aponta para um futuro mais limpo, é preciso avaliar pontos que falam diretamente ao bolso.

Os carros elétricos apresentados neste mês custarão R$ 460 mil (Audi e-Tron) e R$ 478 mil (Mercedes EQC). São, portanto, restritos a um público que não deve estar tão preocupado com a desvalorização de seus carros atuais.

Veículos movidos a eletricidade ainda são caros. Há tendência de barateamento com a massificação, mas ainda está longe de se ter um carrinho popular plugado na tomada.

Ao mesmo tempo, automóveis a gasolina perderão valor abruptamente, e o consumidor pode ficar sem um bem de preço razoável para servir de entrada. Parece uma realidade distante, mas é preciso pensar agora.
Empresas de energia e montadoras tentam viabilizar o carro elétrico no Brasil, mas ainda não têm planos para valorizar os veículos a combustão que serão dados na troca.

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