Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Montadoras esperam por incentivo ao consumo para sair da crise

Conversas com o governo ainda não resultaram em propostas concretas

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Com a queda nas vendas e o risco de demissões na indústria, medidas de incentivo ao consumo voltam à pauta no setor automotivo.

O tema é abordado com delicadeza nas reuniões frequentes entre as montadoras e a equipe do ministro Paulo Guedes. Não é fácil sugerir essas coisas a economistas liberais.

As montadoras ensaiam um discurso articulado de proteção ao emprego, expressado tanto pela Anfavea (associação das montadoras) como pelos executivos em comunicados e entrevistas. As empresas voltam gradativamente a produzir em turno único e com ociosidade superior a 60%.

Exemplos internacionais têm sido citados nas conversas com o governo. Medidas de estímulo foram tomadas na China, com subsídios para baratear os carros em algumas províncias. Na prática, a mão do estado empurrou os compradores às lojas.

Mercados europeus também tentam contornar a queda superior a 40% nas vendas no acumulado de 2019, de acordo com a Acea (associação das montadoras europeias). Em maio, entidades do setor automotivo apresentaram propostas para a retomada, e a principal delas envolve estímulos para renovação da frota.

Conceder benefícios fiscais para substituir um carro velho por um modelo novo e menos poluente aparenta ser um caminho viável.

As fabricantes investiram pesado para atender a normas de emissões e agora encaram o momento mais difícil desde a Segunda Guerra Mundial, precisando de volume para recuperar a rentabilidade. E, quanto mais a recuperação estiver ameaçada, mais postos de trabalho estarão em risco.

No Brasil, falar de incentivo ao consumo remete aos governos FHC, Lula e Dilma, quando o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) era reduzido a cada vez que a máquina ameaçava engripar. Pareceu ser boa solução em alguns momentos, mas o uso indiscriminado transformou o remédio em veneno.

Não se sabe se a solução nacional será mais parecida com a chinesa, com a europeia ou com a adotada por outros presidentes. Não se sabe sequer se haverá uma proposta, e é isso que tem assombrado as fabricantes instaladas no país.

Embora mantenham a elegância nas reuniões, os representantes da indústria estão impacientes.

Os sinais emitidos pelo governo são contraditórios: em um momento aparentam dar total apoio ao setor, em outro expressam a confiança de que tudo se ajustará de acordo com as leis naturais do mercado, sem que seja preciso uma mão nada invisível a dar seu empurrão.

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