O traje esporte está em alta entre os carros compactos. As marcas voltam a investir em modelos que aparentam desempenho superior, embora sem alterações mecânicas.
Três opções foram apresentadas nas últimas três semanas. A Chevrolet lançou os Onix RS (hatch) e Midnight (sedã), modelos equipados com motor 1.0 turbo (116 cv). Na Toyota, a novidade é o Yaris S 1.5 flex (110 cv), série especial limitada a 450 unidades.
Em comum, esses modelos têm forrações escuras, bom número de itens de série e preço mais alto que as versões sem o apelo esportivo.
O Onix RS custa R$ 75,6 mil e tem o mesmo pacote de equipamentos do sedã Midnight, vendido a R$ 81,4 mil. Ambos têm motor 1.0 turbo flex (116 cv) e câmbio automático de seis marchas.
Para a Chevrolet, esses carros adicionam um fator emocional à sua linha de produtos compactos. De fato, não se trata de uma compra racional.
O hatch “esporte fino” custa R$ 6.800 a mais do que a versão intermediária LTZ, embora os pacotes de equipamentos sejam semelhantes. No sedã Midnight, a diferença de preço em relação ao modelo convencional equivalente é de R$ 2.700.
Na Toyota, a série especial Yaris S traz os mesmos itens que equipam a opção XLS Connect. Ambos são vendidos por R$ 90 mil.
As mudanças são discretíssimas: o hatch de origem japonesa recebe frisos vermelhos e costura da mesma cor no volante e nos bancos. O câmbio é automático do tipo CVT, que simula sete marchas.
Ao investir nesses modelos, as marcas procuram atrair clientes que priorizam o estilo em detrimento ao bolso. A estratégia se torna comum em momentos como o atual, em que montadoras precisam recuperar a rentabilidade.
Embora setembro tenha sido o melhor mês do ano, com 207,7 mil emplacamentos, as vendas no acumulado de 2020 caíram 32,3% em relação ao mesmo período de 2019.
Os dados são da Fenabrave (entidade que representa os distribuidores de veículos) e incluem carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.
Investir em modelos com visual esportivo, entretanto, pode impactar no valor do seguro —que tende a ficar mais caro. Esse fator reforça o aspecto emocional da compra.
Mas há também a possibilidade de menor perda na hora da revenda, já que são carros completos e com chances de se transformar em objetos do desejo no futuro.
Para as fabricantes, o mais importante é ter um produto capaz de atrair as atenções —mesmo que, na hora de fechar negócio, o consumidor opte por um modelo convencional.
Pressionadas pela alta do dólar e por dificuldades para obter capital de giro, as montadoras aumentam os preços de seus carros e precisam de alternativas para atrair clientes. Os esportivos de butique são uma isca perfeita.
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