Após o fechamento da fábrica de Iracemápolis (interior de São Paulo), os Mercedes GLA e Classe C voltam ao mercado nacional como importados e em novas gerações.
A produção local desses carros, que teve início em março de 2016 após um investimento de R$ 600 milhões, foi encerrada no dia 17 de dezembro.
O primeiro a chegar ao Brasil nesses novos tempos é a segunda geração do utilitário esportivo GLA 200, que já passou pelo Teste Folha-Mauá.
O passaporte estrangeiro tem seu preço. A nova geração do SUV custa a partir de R$ 329,5 mil no país, enquanto o modelo anterior era vendido por R$ 206 mil em sua versão mais simples.
Passado o susto com o valor, é preciso entender as razões para tamanha diferença. Evandro Bastos, gerente de marketing da Mercedes, explica que o novo modelo é mais equipado e tecnológico que a versão antiga, além de ter crescido.
O GLA atual oferece espaço suficiente para quatro adultos viajarem com folga, enquanto o antigo está mais para um hatch. A diferença equivale a uma mudança de categoria: antes era um carro compacto, agora é um SUV de porte médio.
O interior tem forrações escuras e costuras em vermelho, característica do pacote AMG, sigla que aparece no sobrenome do carro. Esse é um daqueles momentos em que o departamento de marketing fala mais alto do que a área de engenharia.
De acordo com os dados aferidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia, o novo motor 1.3 turbo (163 cv) do utilitário esportivo permite acelerar do zero aos 100 km/h em 9,5 segundos. É um número similar ao dos sedãs médios convencionais, como o Toyota Corolla 2.0 Flex.
Na geração passada, o único GLA a carregar a grife AMG tinha motor 2.0 turbinado (360 cv) e chegava aos 100 km/h em aproximadamente 5,5 segundos.
Embora esteja distante dos resultados obtidos pelos modelos mais esportivos da Mercedes, o novo GLA agrada no dia a dia. Todas as modernidades disponíveis no catálogo estão presentes na versão à venda no Brasil: painel digital e configurável, sistema de frenagem autônoma, central multimídia que concentra todas as informações do carro, teto solar e outras amenidades.
Sensores e câmeras instalados no carro detectam pedestres e ciclistas. O SUV é capaz de parar sozinho para evitar um atropelamento.
Recursos desse tipo –e outros ainda mais avançados– também estão presentes no novo sedã Classe C, que deve chegar ao Brasil no fim do ano. As versões híbridas podem rodar cerca de 100 quilômetros no modo elétrico, sem queimar combustível.
Mas é lamentável que tanta tecnologia seja incompatível com a produção nacional. A Mercedes decidiu abrir uma nova fábrica no país estimulada pelos incentivos fiscais do programa Inovar-Auto e por um futuro que não veio.
A decisão mostrou-se equivocada, resultou em um fechamento traumático e expôs um dos principais problemas da indústria automotiva brasileira: a falta de competitividade global.
Mercedes GLA 200 AMG Line
Preço: R$ 325,9 mil
Motor: a gasolina, turbo, 1332 cm³
Potência: 163 cv a 5.500 rpm
Torque: 25,5 kgfm a 1.620 rpm
Transmissão: tração dianteira, câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas
Peso: 1.485 quilos
Pneus: 235/45 R20
Porta-malas: 435 litros
Aceleração (0 a 100 km/h): 9,5s
Retomada (80 a 120 km/h): 6,9
Consumo urbano:11,3 km/l
Consumo rodoviário: 18,6 km/l
Comprimento: 4,41 metros
Entre-eixos: 2,73 metros
Largura: 1,83 metro
Altura: 1,61 metro
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