A BMW avança rumo à eletrificação com o lançamento do sedã i4 e do utilitário esportivo iX. Os carros, que foram apresentados nesta semana, têm versões capazes de rodar cerca de 600 quilômetros com uma carga completa de suas baterias.
O desenho tem ares futuristas por dentro e por fora. O quadro de instrumentos digital de ambos os veículos foi transformado em um tablet alongado no topo do painel. O motorista pode optar por diferentes cores e configurações.
A potência combinada pode ultrapassar os 500 cv tanto no sedã como no SUV, e os números de desempenho são sempre superlativos. Mas isso é comum nos demais modelos de alto desempenho da BMW –e é esse o ponto que a empresa deseja atingir.
Marcas premium têm uma preocupação com seus carros elétricos: eles precisam ser bons o suficiente para atrair compradores que desejam aderir logo ao futuro da mobilidade, mas não podem frustrar clientes cativos que desconfiam dos novos caminhos.
Diante do que a montadora já oferece, há motivos para as dúvidas. Um BMW movido a gasolina e preparado pela divisão M Sport é certamente uma das máquinas mais avançadas a rodar sobre a terra.
Mas é necessário acelerar a transição para os modelos elétricos, forçada por necessidades ambientais e legislações. Com menor volume de vendas e maior valor agregado por unidade, as fabricantes de supercarros têm maior capacidade de adaptação ao novo mundo.
A BMW não deve abandonar os motores a combustão tão cedo, mas o convívio entre gasolina e eletricidade será cada vez mais comum nas lojas da marca, inclusive no Brasil.
Os modelos i4 e iX chegarão em breve ao mercado nacional, onde a marca alemã tem obtido bons resultados com os carros híbridos e elétricos. Ao todo, foram emplacados 1.516 automóveis dessas categorias entre janeiro e agosto deste ano, um crescimento de 209% em relação ao mesmo período de 2020.
Apesar de a pandemia gerar distorções nos dados, a alta é relevante e mostra que a fabricante alemã está aumentando a oferta de seus veículos eletrificados no país.
Os resultados registrados pelas montadoras mostram que a aceitação dos automóveis que trocam os tanques por baterias tende a ser maior entre os clientes de carros premium. Um fator que influencia a escolha é a proximidade dos preços.
Na Audi, o utilitário esportivo elétrico e-Tron Sportback 2021 tem potência equivalente a 408 cv e custa a partir de R$ 605 mil. É pouco mais que o Audi Q8 (R$ 600 mil), que tem porte semelhante e motor 3.0 turbo movido a gasolina (340 cv).
A realidade é diferente entre os carros compactos, que dependem de escala de produção para ter seus custos amortizados. A eletrificação, portanto, vai seguir o caminho natural da indústria automotiva: as evoluções começam nos modelos de alto custo e depois vão se disseminando para outros segmentos.
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