Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Carro por assinatura ainda não é bom negócio no Brasil

Custos e momento do mercado são desfavoráveis à locação de longo prazo

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Os planos de assinatura de veículos são uma modalidade interessante e prática, mas a conta ainda não fecha para o consumidor brasileiro. Os custos apresentados pelas montadoras há cerca de um ano subiram junto com o preço dos carros, e o esperado surgimento de opções mais em conta não aconteceu.

Em um momento de alta dos automóveis usados, os custos da locação de longo prazo se tornaram menos interessantes. Com a falta de modelos zero-quilômetro e a disparada de valores, há carros que estão valendo mais após um ou dois anos de uso do que quando eram zero-quilômetro.

Trata-se de uma distorção de mercado sem data para terminar: a mudança de cenário depende da regularização do fornecimento de peças, da valorização do real perante o dólar e do impacto das altas na taxa básica de juros sobre os financiamentos.

Enquanto esse panorama prevalecer, a locação tende a ser financeiramente desvantajosa, apesar de facilidades como incluir os custos com documentação, manutenção e seguro no valor das parcelas.

Em novembro de 2020, a assinatura de um Volkswagen T-Cross partia de R$ 1.899 em um plano de 12 meses. Hoje o valor começa em R$ 2.439, mas o plano mínimo passou a ser de 24 meses.

Na Fiat, o programa Flua! começou em janeiro oferendo o compacto Argo por R$ 1.510 por mês (franquia de 1.000 quilômetros) no plano de 24 meses. Hoje a mesma modalidade custa R$ 1.799.

A Toyota entra no segmento por meio da empresa de mobilidade Kinto. A assinatura do hatch compacto Yaris XL Live com câmbio automático parte de R$ 2.682,59 no plano de 24 meses. Esse valor dá direito a duas diárias de um carro adicional por ano.

No site da montadora japonesa, essa versão é anunciada por R$ 84.090. Se o consumidor tiver acesso a um financiamento longo sem valor de entrada –48 meses, por exemplo–, deverá pagar uma parcela próxima ao valor da locação.

No cenário atual, caso resolva vender o carro após 24 meses, ainda receberá algum valor pelo veículo, considerando o abatimento da dívida e os gastos com seguro, manutenção e licenciamento.

No plano de assinatura, o cliente devolve o carro e parte para outro, sem reembolso ou opção de comprar o veículo.

Vale lembrar que, quanto maior a quilometragem rodada por mês, maior será o valor da mensalidade.

A Volkswagen afirma que o público-alvo de seus planos de assinatura tem idade entre 30 e 45 anos, interesse por tecnologia e desejo de utilizar um carro que custa entre R$ 100 mil e R$ 200 mil.

Contudo a modalidade se popularizou de verdade entre motoristas de aplicativo —que, sem um bom perfil de crédito na visão das financeiras, não tinham acesso a carros que se enquadrassem nas exigências das empresas do setor de mobilidade.

Há também os valores elevados das franquias do seguro, que é fixa e deverá ser paga em caso de acidente. Na Volkswagen, o valor é de R$ 4.000 para o T-Cross e R$ 6.000 no caso do Taos.

Planos de assinatura estão consolidados há décadas nos EUA na forma de leasing operacional. Os valores praticados são proporcionalmente inferiores aos oferecidos hoje no Brasil. Embora os riscos para as empresas sejam maiores aqui do que lá, os custos envolvidos ainda não justificam a adesão às opções disponíveis no mercado nacional, que se valem apenas da praticidade.

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