Michel Temer está convencido de que, se não tivesse sido bombardeado pelo grampo de Joesley Batista, teria aprovado a reforma da Previdência e o destino de seu governo seria outro. O problema é que foi ele quem abriu a porta do Jaburu para o empresário.
Temer parece ser uma reencarnação do sujeito que estava em Hiroshima, tomou um trem e foi para Nagasaki, sobrevivendo a duas bombas atômicas. Com o escândalo de suas relações perigosas e da MP dos Portos na vitrine, seu governo continua, mas acabou.
O ministro Luís Roberto Barroso teria achado o mapa da Ilha do Tesouro e não haverá “jogada de mestre” capaz de recolocá-lo de pé. Apesar disso, resta a Temer a oportunidade de presidir a campanha eleitoral como o presidente que gostaria de ter sido.
A campanha parece apenas radicalizada, mas está acima de tudo desorientada. O candidato que lidera as pesquisas está mais perto da cadeia do que do Planalto. Sonha-se com um nome que una o centro, mas ninguém sabe o que vem a ser esse centro, além de um disfarce do “mais do mesmo” que produziu as geleias dos plenários do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
Temer não é responsável por essa confusão, mas ajudaria a clarear as águas se fechasse sua agência de marquetagens.
Havendo uma denúncia da procuradora-geral, ela corroerá a imaginação dos çábios do palácio, mas é improvável que essa iniciativa leve à sua deposição. Afinal, não há um vice conspirando contra ele e o tempo corre a seu favor, pois faltam só seis meses para e eleição.
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