Lula e Pertence
O advogado Sepúlveda Pertence pode ser um ícone da advocacia nacional, mas perdeu o passo quando tentou tirar Lula do regime fechado em que vive, pedindo que lhe dessem o refresco da prisão domiciliar.
Para polir sua estratégia de vitimização, Lula até que gostaria de ser fotografado com as algemas que a Polícia Federal pôs em Sérgio Cabral.
Na mesma linha, a esdrúxula ordem de soltura dada pelo desembargador Favreto foi brindada pela caótica movimentação do juiz Sergio Moro e do desembargador Gebran, que estavam de férias.
Madame Claude
Saiu nos Estados Unidos o livro "Madame Claude - Her Secret World of Pleasure, Privilege and Power". É mais uma tentativa de exposição do "mundo de prazer, privilégio e poder" da famosa cafetina francesa. Entre 1957 e 1977, enquanto ela operou em Paris, seu telefone era um dos maiores símbolos de status da elite internacional.
O magano ficava no hotel Ritz, fazia suas compras na Hermès, jantava no Maxim's e ligava para Claude.
O autor do livro, William Stadiem, já revirou os lençóis de Marilyn Monroe e Frank Sinatra. Ele conversou longamente com Fernande Grudet (o verdadeiro nome de Claude), quando ela abandonou o negócio, apanhada pelo fisco. Da narrativa de Stadiem resultam os suspeitos de sempre: o bilionário Gianni (Fiat) Agnelli, o barão Elie Rothschild e os dois maridos de Jacqueline Bouvier (John Kennedy e Aristóteles Onassis). O xá do Irã era atendido por uma ponte aérea que fazia a rota Paris-Teerã.
A clientela brasileira de Claude escapou da grelha de Stadiem.
Alckmin e o MDB
Pelo andar da carruagem, depois de conseguir o apoio do centrão (com todas as suas obras e todas as suas pompas), Geraldo Alckmin vai buscar a desistência de Henrique Meirelles, do MDB.
Madame Natasha oferece uma licença para criar sindicato a quem souber o que significa "centrão".
Gatos por lebres
Paulo Francis desconfiou de Daniel Ortega quando soube que ele comprava óculos de grife. Parecia preconceito com o jovem guerrilheiro sandinista que derrubou a ditadura da família Somoza na Nicarágua. Passaram-se 40 anos e, sem óculos, o septuagenário Ortega, eleito três vezes para o cargo, reprime manifestações populares durante as quais já morreram 300 pessoas. Sua mulher é a vice-presidente, um de seus filhos dirige uma estatal e outros três controlam canais de televisão.
No centenário do nascimento de Nelson Mandela, o estadista sul-africano, sua lembrança é um refrigério para as gerações que se encantaram por líderes românticos. Quem comprou os barbudos cubanos herdou a ditadura dos irmãos Castro. Na geração seguinte, o aiatolá Khomeini capturou a imaginação de quem detestava o xá do Irã. No seu lugar, instalou-se um regime muito pior. Isso, para não se falar no Zimbábue de Robert Mugabe, nem na cleptocracia do MPLA de Angola.
Hoje, noves fora a dinastia dos Ortega, está aí a frágil e doce Aung San Suu Kyi, atual líder de Mianmar. Depois de 15 anos de prisão domiciliar imposta pelos militares, ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz e assumiu o governo do país. Deu em quase nada. Os militares continuam mandando e foi negada a cidadania à minoria étnica dos muçulmanos rohingya. Setecentas mil pessoas já fugiram do país.
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