Em 1996 o Paraguai estava às vésperas de um golpe. O presidente Juan Carlos Wasmosy veio secretamente a Brasília e costurou um entendimento com Fernando Henrique Cardoso. Com o apoio brasileiro garantido, demitiu o comandante do Exército, general Lino Oviedo.
A operação foi conduzida por uns poucos diplomatas do velho Itamaraty e só foi conhecida anos depois.
Há poucos meses, em surdina, a diplomacia do atual governo assinou um acordo com o governo do Paraguai para redefinir tarifas da hidrelétrica de Itaipu.
Os çábios acharam que um acerto de tarifas poderia passar despercebido. Resultado: caíram o chanceler paraguaio e uma penca de burocratas. O próprio presidente Mario Abdo Benítez ficou com o mandato a perigo, revogou o acerto e o Brasil meteu-se numa encrenca.
Há mais de meio século o Brasil negocia Itaipu com luvas de pelica, evitando atropelar o Paraguai. Em apenas seis meses o estilo Caveirão da diplomacia de Bolsonaro transformou a hidrelétrica num contencioso nacionalista.
Moro na vazante
Durante cinco anos o juiz Sergio Moro surfou na boa vontade da imprensa. Como ministro, virou vidraça e está enfrentando a maré baixa da pior maneira possível. Coloca-se no papel de vítima reclamona.
Não funciona, até atrapalha.
Madrinha dos desmatadores
Para sorte de seus leitores, Fernanda Torres cruzou com a história de Pauline Fourès. Bonita mulher nos seus 20 anos, ela acompanhava o marido, tenente do exército francês, na força expedicionária que Napoleão levou para o Egito em 1798. Ao saber que estava sendo corneado por Josephine em Paris, o general transferiu o oficial e ficou com Pauline, a esta altura apelidada de Cleópatra.
Está nas livrarias, e na rede, “Napoleon”, do inglês Andrew Roberts, magnífica biografia, onde vai contada mais um pedaço da história: Napoleão ferrou-se e em 1816 Pauline veio morar no Rio de Janeiro, onde viveu por 21 anos e fez fortuna exportando madeira de lei e importando móveis. Voltou para a França, andava com um papagaio e um macaco, fumando. Morreu em Paris aos 91 anos.
Para quem acha que Napoleão tinha algo de maluco, Roberts lembra que, ao seu tempo, a Inglaterra, Portugal e Dinamarca tinham monarcas doidos. Em 1840, 19 anos depois de sua morte, quando ganhou sepultura em Paris, num só hospício havia 14 pessoas dizendo que eram Napoleão.
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