Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Os dois países da Rede D'Or de hospitais: um pegou fogo e outro atendeu Bolsonaro

Faz pouco sentido que se propague a ideia de que existe uma rede privada contrapondo-se aos hospitais públicos

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Pegou fogo o Hospital Badim, no Rio, e morreram 14 pessoas. Acidentes acontecem, mas nenhum hospital público passou por semelhante desastre.

O Badim faz parte da Rede D’Or, a maior do mercado de saúde privada, com 45 hospitais e lucro líquido de US$ 308 milhões (R$ 1,3 bilhão) no ano passado. A Rede D’Or informa que sua participação no Badim é apenas passiva. Sabe-se lá o que isso queria dizer para um paciente que estava na UTI e morreu.

No dia do incêndio, o presidente Jair Bolsonaro estava internado no Vila Nova Star, joia da coroa da mesma Rede D’Or, para o andar de cima de São Paulo. Esse novo hospital ganhou fama atraindo renomados médicos com contratos milionários. Algo rotineiro em grandes empresas e clubes de futebol. (Lula e Dilma são fregueses do Sírio-Libanês.)

O Badim atende pessoas cujos planos de saúde custam em torno de R$ 500 mensais. Já as joias da rede recebem clientes que pagam algo como R$ 5.000, ou mais.

Faz pouco sentido que se propague a ideia de que existe uma rede privada top, plus, star, ou d’argent, contrapondo-se aos hospitais públicos.

Santa Dulce

Neste tempo de demofobia e radicalismos, saiu um bom livro para a alma. É “Irmã Dulce, a Santa dos Pobres”, do jornalista Graciliano Rocha. Ela será canonizada no dia 13 de outubro pelo papa Francisco.

Seu primeiro milagre salvou uma gestante que se esvaía em sangue. No segundo, devolveu a visão a um homem que a perdera havia 14 anos. A narrativa de Graciliano nos dois casos é emocionante.

O maior milagre de Santa Dulce (1914-1992) foi ajudar os pobres da Bahia, invadindo casas desocupadas ou atraindo milionários como Norberto Odebrecht e poderosos como José Sarney.

Certo dia ela pediu dinheiro a um comerciante e levou uma cusparada. Limpou-se e disse:

— Isso é para mim, agora o que o senhor vai dar para meus pobres?

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