Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Sai Weintraub, entra Mendonça

Desejar a morte de alguém não é calúnia nem difamação

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Com a saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação, o doutor André Mendonça atropelou por fora e ultrapassou Ricardo Salles, tomando a dianteira para a condição de ministro com a maior carga folclórica.

Depois de avançar sobre o chargista Aroeira e o repórter Ricardo Noblat, o ministro da Justiça requisitou à Polícia Federal a abertura de um inquérito contra o colunista Hélio Schwartsman por ter escrito o artigo “Por que torço para que Bolsonaro morra”.

O ministro da Justiça, André Mendonça, ao lado do presidente Jair Bolsonaro - Pedro Ladeira - 29.abr.2020/Folhapress

Mendonça invoca o artigo 26 da Lei de Segurança Nacional, que prevê a reclusão de um a quatro anos para quem “caluniar ou difamar o presidente da República”.

Desejar a morte de alguém não é calúnia nem difamação. Se fosse, o deputado Jair Bolsonaro deveria ter sido enquadrado em 2015, quando desejou que Dilma Rousseff terminasse seu mandato “infartada ou com câncer, de qualquer maneira”.

Além disso, Bolsonaro tem uma relação amigável com a morte dos outros. Como ele mesmo já disse, “lamento, todo mundo morre”.

Em nome da segurança nacional encarceraram-se milhares de pessoas, entre elas o historiador Caio Prado Júnior e o escritor Graciliano Ramos. As iniciativas de Mendonça podem ter agradado a Bolsonaro, seu “profeta”, mas estão condenadas a se transformar em vexames jurídicos. Darão uma linda oportunidade profissional aos advogados que tomarem a defesa de Aroeira, Noblat e Schwartsman.

Cadê, Guedes?

O ex-deputado Bruno Araújo pegou leve ao cobrar do ministro Paulo Guedes o futuro e as reformas que oferecia: “Cadê o Brasil novo que o atual ministro tanto promete e nunca entrega?”.

Faltou perguntar a Guedes onde foi parar aquele seu amigo inglês que em abril ofereceu-lhe 40 milhões de testes para Covid por mês.

Estatais imortais

Desde 2008 a Viúva sustenta o Centro Nacional de Tecnologia Avançada (Ceitec). Entre outras atribuições, ela seria uma estatal fabricante de chips. A repórter Luísa Martins informa que fracassou a tentativa do ministro Paulo Guedes de liquidá-la.

A primeira fábrica de circuitos integrados brasileira surgiu em 1978, com o óbvio amparo da Boa Senhora. De lá para cá a Apple virou a Apple, Bill Gates tornou-se um bilionário com a Microsoft e os chineses da Lenovo compraram a operação da IBM no país, mas os chips nacionais nunca emplacaram.

As estatais, como o Fantasma da Selva, são imortais. A Valec, que deveria operar o trem-bala ligando o Rio a São Paulo em três horas, vai bem, obrigado. O governo dizia que o trem estaria rodando na Copa de 2014, mas o seu projeto foi transferido para outra estatal, a EPL. A ideia do trem-bala sumiu, mas a estatal continua lá.

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