Se o ministro Luiz Fux não polir seu estilo, corre o risco de inverter o milagre das bodas de Canaã, transformando vinho em água.
Com poucas semanas na cadeira de presidente do Supremo, comeu a jabuticaba que jogava relevantes questões penais para as turmas, mandando-as para o plenário. Em seguida, livrou a Corte da carga de ter libertado o chefão André do Rap.
Nos dois casos, o tribunal acompanhou-o. Num, por unanimidade, no outro com um único voto contrário, o do ministro Marco Aurélio Mello. Ainda assim, é perseguido pelo rótulo de autoritário.
Como sairá dessa, só ele sabe. De qualquer forma, vale uma observação de Marcel Proust, um indiscutível conhecedor da alma humana: nossa personalidade social é uma invenção dos outros.
Madame Natasha
Desde o dia em que Natasha viu o ministro Edson Fachin lendo uma longa citação do professor Edson Fachin num de seus votos no Supremo Tribunal Federal, a senhora acompanha com atenção suas falas.
Outro dia ele votou num caso em que se discutia o direito de o presidente da República escolher os reitores de universidades federais entre os integrantes das listas tríplices que lhe são enviadas.
A lei diz que as universidades são autônomas e que as listas devem ter três nomes. O doutor disse o seguinte:
“Está em horizonte mais ampliado que a dimensão meramente vocabular o deslinde da controvérsia. Faz-se necessário reconstruir normativamente sua inserção no ordenamento constitucional brasileiro, entendendo, sobretudo, as especificidades de sua concretização no sintagma ‘autonomia universitária’”.
Natasha não entendeu o fachinês, mas o ministro esclareceu que a escolha do presidente deveria preencher três condições, sendo que a terceira seria de que “a escolha recaia sobre o docente indicado em primeiro lugar na lista”.
A senhora não entende como uma lista pode ser tríplice, devendo a escolha recair sobre o primeiro indicado. Para piorar, Eremildo, o idiota, contou a Natasha que em 2016 Fachin achava exatamente o contrário.
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