Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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A crise mora no Planalto

Qualquer organização com tamanha rotatividade em torno do monarca é um lugar perigoso para se trabalhar

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Em menos de três anos de governo, Jair Bolsonaro fez 24 mudanças no seu ministério. Não chega a ser demais. Havendo um problema, mexe-se no time. No Ministério da Educação, ele criou três encrencas até chegar ao experimento com o doutor Milton Ribeiro. É o jogo jogado.

A porca torce o rabo quando se vê que no Palácio do Planalto, o coração do governo, há quatro ministros e só nesse time aconteceram nove mudanças, duas das quais traumáticas.

O presidente Jair Bolsonaro durante lançamento do Plano Safra 2021/2022, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 22.jun.21/Folhapress

Pela Casa Civil, a pasta mais relevante, passaram três titulares: Onyx Lorenzoni, Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos. O capitão começou com Lorenzoni, seu aliado do tempo em que os bolsonaristas cabiam numa Kombi, e agora ficará com Ciro Nogueira, que via nele um fascista.

Pela Secretaria-Geral da Presidência, que pode fazer muita coisa ou coisa nenhuma, passaram quatro titulares. Para lá vai Luiz Eduardo Ramos, que, como chefe da Casa Civil, não sabia que mudaria de serviço. O primeiro a ocupar a cadeira foi Gustavo Bebianno, outro passageiro da Kombi bolsonarista. Demitido de forma cruel, morreu meses depois.

Pela Secretaria de Governo, que pode coordenar as relações com o Congresso, passaram o general da reserva Santos Cruz, o onipresente Ramos e hoje está lá a deputada Flávia Arruda, que precisa combinar com Ciro Nogueira quem fará o quê. Santos Cruz é hoje um espinho no pé de Bolsonaro quando ele pisa nos quartéis.

O general da reserva Augusto Heleno (Segurança Institucional) é o único sobrevivente da equipe da Kombi. Menos loquaz, já não acha que "se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão".

Em muitas organizações há os "amigos do rei" que vão de um lugar para outro. Nesse caso estão Ramos e Lorenzoni, que ganhou a recriação do Ministério do Trabalho. Mesmo assim, qualquer organização com tamanha rotatividade em torno do monarca é um lugar perigoso para se trabalhar.

Dessa dança de cadeiras resulta que a Kombi dos bolsonaristas tinha motorista mas não tinha objetivo. Passados dois anos, continua na mesma, com um motorista que não sabe o destino. Sabe apenas que com cerca de 550 mil mortos na pandemia de 17,7 milhões de desempregados, deseja continuar ao volante.

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