Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Bolsonaro não tem cartas para jogar baralho com Alexandre de Moraes

Circula a lenda de que ele fez chegar ao STF o desconforto que lhe causa a possibilidade de notícia desagradável para seu círculo familiar

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No escurinho de Brasília circula a lenda de que Bolsonaro fez chegar ao Supremo Tribunal Federal o desconforto que lhe causa a possibilidade de sair do Judiciário uma notícia desagradável para seu círculo familiar.

Se for verdade, errou três vezes.

Primeiro, porque revela vulnerabilidade. Depois, porque bateu no gabinete errado. Finalmente, porque ele não tem cartas para jogar baralho com o ministro Alexandre de Moraes.

O capitão e Pacheco

Com um pouco de empenho, Jair Bolsonaro poderia ter sabido que o senador Rodrigo Pacheco mandaria ao arquivo seu pedido de impedimento do ministro Alexandre de Moraes.

De duas, uma: 1) A assessoria parlamentar de Bolsonaro não presta; 2) Ela presta e ele queria criar um caso com o presidente do Senado.

A sombra atrás de Biden

Joe Biden está mais perdido que americano em Cabul ao lidar com a crise do Afeganistão. Noves fora os fiascos, ele deu entrevistas na Casa Branca tendo às costas um quadro que retrata um cavaleiro fardado.
É Theodore Roosevelt, com o uniforme do regimento de voluntários que formou em 1898 para ir combater em Cuba contra os espanhóis.

A roupa foi cortada na loja Brooks Brothers. Ele já havia ido a caçadas com uma faca feita pelos prateiros da Tiffany & Co. Seu desempenho na guerra de Cuba deu-lhe fama, elegeu-se governador de Nova York e presidiu os Estados Unidos de 1901 a 1909.

Na quinta-feira (26), Biden teve a boa ideia de não falar com Teddy Roosevelt às costas. Para o bem ou para o mal, resoluto, ele foi tudo o que Biden gostaria de ser.

O quadro, ruinzinho, é de um pintor de dondocas.

Madame Natasha

Madame Natasha não entende nada que o doutor Paulo Guedes diz, mas admite que isso se deve à sabedoria que nele abunda e nela escasseia.

Pela segunda vez em poucas semanas, Guedes reclamou de que “tudo o que eu falo é tirado do contexto”. Assim foi com as empregadas domésticas que iam para a Disney e com o filho do porteiro que entrou para a faculdade. Sua última batatada foi a seguinte: “Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?”.

O problema é que a energia, o óleo de soja e o prato feito ficaram mais caros e o salário (quando existe) continua o mesmo.

Natasha sabe que não se pode impedir Guedes de produzir frases. Mesmo assim, sugere ao doutor que se livre da praga que o persegue valendo-se de um método simples: primeiro ele avisa qual é o contexto. Depois, fala o que bem entender.

Bolsonaro acordou

Bolsonaro acordou para a crise hídrica com pelo menos três meses de atraso.

Em junho, sem se referir a ele, o professor Adilson de Oliveira, da UFRJ, escreveu um artigo com o seguinte título: “É a água, estúpido”.

Agora o capitão reconheceu: “Em grande parte dessas represas já estamos na casa de 10%, 15% de armazenamento. Estamos no limite do limite. Algumas vão deixar de funcionar se essa crise hidrológica continuar existindo”.

Para quem assumiu no dia 1º de janeiro de 2019 e semanas depois acordou com o desastre de Brumadinho, ele deveria ter procurado uma benzedeira.

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