Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Falta de empatia com a morte pesa na rejeição de Bolsonaro

Sofrimento de cada pessoa perdida pode afetar 31 milhões de votos

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Em julho de 2020, quando a Covid havia matado 30 mil pessoas, João Moreira Salles escreveu um artigo intitulado "A morte e a morte", no qual lidava com a relação de Jair Bolsonaro com o fim da vida alheia:

"O luto lhe é estranho. Publicamente, sua reação ao sofrimento alheio assume apenas duas formas: júbilo ou indiferença. É preciso reparar nisso para compreendê-lo."

O presidente Jair Bolsonaro após alta do hospital no dia 5 de janeiro - Amanda Perobelli/Reuters

Quem não reparou que reparasse. A esta altura os leitores das folhas de chá das pesquisas eleitorais perceberam que a falta de empatia com a morte (dos outros) é a pedra mais pesada na mochila de sua rejeição.

Numa conta de padaria, estima-se que cada morto pela pandemia irradiou sofrimento para cem pessoas. Admitindo-se que metade desse bloco seja de eleitores, seriam 31 milhões de votos.

O médico avisou

O médico Antônio Luiz Macedo recomendou ao paciente Jair Bolsonaro que caminhe mais e mastigue melhor. A ver.

Em setembro de 1982, o cardiologista americano que acompanhava a saúde do presidente João Figueiredo escreveu-lhe: "O senhor pode estar cavando sua sepultura com o talher".

Figueiredo não tomou jeito e dez meses depois estava no centro cirúrgico de Cleveland, onde lhe puseram uma ponte de safena e uma mamária.

Ele só foi para a sepultura em 1999, aos 81 anos.

Canibais de salto

A autofagia petista voltou a atacar, e de salto alto. Há duas semanas facções companheiras discutem a relevância de Dilma Rousseff na campanha eleitoral.

Há fortes argumentos para afastá-la dos holofotes, mas não é gentil diminuí-la, até porque ele leva sua vida em Porto Alegre sem incomodar os outros.

Boas notícias

Com tanta notícia ruim rodando por aí, passam despercebidas as boas.

Segundo o IBGE, entre 2019 e 2020, a pobreza brasileira caiu, na média, 1,8 ponto percentual. Cinco estados tiveram melhor desempenho:

Em Sergipe, governado por Belivaldo Chagas Silva (PSD), a queda foi de 8,9 pontos. No Pará, de Helder Barbalho (MDB), a queda foi de 8,8 pontos. No Piauí, com Wellington Dias (PT), 6,7 pontos, e no Maranhão, de Flávio Dino (PSB), 5,6.

(2021 veio para estragar.)

Eremildo, o idiota

Eremildo é um idiota e odeia vacinas. Ele vai a Brasília para sugerir ao Ministério da Saúde que faça mais uma consulta pública. Nela tentará descobrir quem acredita no que o doutor Marcelo Queiroga diz.

Leia mais trechos da coluna de Elio Gaspari

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