Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Biden ameaça transformar Putin em pária

Referência de Mourão à guerra na Ucrânia lembra tema do apaziguamento

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O presidente Joe Biden ameaça transformar Putin num "pária".

Na terra das palmeiras, onde canta o sabiá, o ex-chanceler Ernesto Araújo orgulhava-se dessa condição.

Joe Biden fala na Casa Branca - Jim Watson-18.fev.22/AFP

Mourão e 1938

A referência do vice-presidente Hamilton Mourão ao xadrez diplomático de 1938, quando o primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain e muita gente do andar de cima inglês defendiam uma política de "apaziguamento" com Hitler, ecoa um livro que saiu em 2019 nos Estados Unidos.

Chama-se "Appeasement" ("Apaziguamento"), do historiador inglês Tim Bouverie. Magnificamente pesquisado, ele mostra friamente como e por que Chamberlain construiu a política que o levou a Munique, onde entregou parte da Tchecoslováquia aos alemães.

Tinha o apoio da cúpula militar e dos principais jornais ingleses.

Faltava-lhe a simpatia de um leão: Winston Churchill. Ele assumiria o cargo de primeiro-ministro em 1940.

Com o tempo, a conta do apaziguamento foi toda para Chamberlain. Bouverie mostra que não foi bem assim.

Em julho de 1938, Lord Halifax, ilustre conservador e ministro das Relações Exteriores, disse a um ajudante de ordens de Hitler que gostaria de ver o Führer em Londres, sendo aplaudido ao lado do rei George 6º. Em setembro, Chamberlain foi a Munique e acertou-se com Hitler.

Dias depois, a tropa alemã ocupou parte da Tchecoslováquia e, em março de 1939, tomou o resto.

Shannon disse tudo

Thomas Shannon, ex-embaixador americano no Brasil e ex-subsecretário de Estado, disse tudo na sua entrevista à repórter Janaína Figueiredo:

"Ainda não vejo uma Terceira Guerra Mundial. Mas teremos enormes tensões de segurança na Europa. Os EUA e a Otan tomaram a decisão certa de não transformar a Ucrânia num campo de batalha. Mas a Otan deverá repensar seus propósitos, e a União Europeia também. O que estamos vendo deve lembrar que a Rússia não pode ser esquecida e que ainda tem um poder global significativo. Isso deve ser entendido."

Em 1965 ele estava perto do olho do furacão quando o presidente Lyndon Johnson ordenou a invasão da República Dominicana. O Brasil apoiou a iniciativa e mandou tropas para lá. Ao final, a intervenção foi bem-sucedida.

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