Érica Fraga

Repórter especial, ganhou o prêmio Esso em 2013. É mestre em política econômica internacional pela Universidade de Warwick (Inglaterra).

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Érica Fraga

Pauso a coluna esperançosa sobre futuro da educação

Cada vez mais, vejo pessoas que valorizam a educação acima de tudo

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Maria Luciene da Silva Manoel, 34, me ajudou a cuidar dos meus três meninos nos últimos 15 meses. Ontem, foi seu último dia em minha casa. Fará muita falta.

Lu sempre desempenhou suas funções com afinco e enorme carinho. Conquistou minha confiança.

Conforme fui percebendo que, além de ótima profissional, ela era excelente mãe para seus dois meninos, ganhou também minha admiração.

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Aula na Etec Bom Retiro, que teve o melhor resultado no Enem entre as escolas públicas de São Paulo - Marcelo Justo/Folhapress

Viveu praticamente na rua, entregue à própria sorte, até ser adotada por uma mãe —​também incrível— aos nove anos. Conseguiu completar apenas o ensino fundamental. Isso nunca a impediu de reconhecer o valor da educação e lutar como leoa para que os filhos tenham acesso a um ensino de qualidade e valorizem os estudos.

O assunto era tema frequente de nossas conversas. Na última delas, há dois dias, ela me falou que correrá atrás de uma vaga para o Nicolas, seu menino de 7, em escola de horário integral no próximo ano.

Perguntei quando a ficha dela sobre a importância da educação caiu. Ela respondeu que foi quando o Lucas, seu outro menino, de 15 anos, nasceu. Com 18 anos, ela precisaria trabalhar para sustentá-lo e percebeu que, sem o ensino médio, era difícil conseguir uma boa colocação.

Torço para que a Lu seja bem-sucedida em seu voo que a levará para longe da gente e para que consiga realizar seu sonho de dar uma boa educação para os filhos.

Meus votos não se devem apenas ao meu carinho por ela. Assim como a Lu, depois que tive meus próprios filhos e eles entraram para a escola, passei a compreender melhor a importância da educação. A deles e a dos outros.

De que adianta, afinal, garantir um ótimo ensino para seus filhos, se o do país é deficiente? Sem uma boa educação para todos, não há prosperidade, a vulnerabilidade às crises é maior, a violência aumenta. São temas que tentei abordar aqui.

Por uma dessas coincidências da vida, a saída da Lu da minha casa ocorre no mesmo momento em que decido dar uma pausa nas colunas que escrevo semanalmente neste espaço há quase dois anos.

Não me afastarei da educação. Continuarei abordando o tema nas reportagens que faço para a Folha.

Torço para que a compreensão sobre o papel crucial da educação para o bem de nós todos continue aumentando, que se reflita nas urnas, que gere reformas e que provoque melhoras nos nossos resultados como nação, que não têm sido dos melhores.

Está claro que não é um caminho fácil, mas sou otimista. Cada vez mais, vejo pessoas como a Lu, que valorizam a educação acima de tudo. Percebo que o tema começa a ganhar a relevância que merece no debate público.

Uma iniciativa recente do movimento Todos pela Educação apresentou propostas concretas aos candidatos à presidência e os pressionou para que não se furtem em discutir o assunto. Essa ação é um exemplo que me dá esperança.

Aos que leram minhas colunas, fizeram comentários –​críticos ou elogiosos–, me contaram histórias pessoais e sugeriram temas, meu muitíssimo obrigada pela companhia e até logo.

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