Érica Fraga

Repórter especial, ganhou o prêmio Esso em 2013. É mestre em política econômica internacional pela Universidade de Warwick (Inglaterra).

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Érica Fraga

Quando uma nação fracassa

País tem falhando ao desperdiçar oportunidades para se desenvolver

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Anúncios de vagas de emprego em rua do centro paulistano
Anúncios de vagas de emprego em rua do centro paulistano - Danilo Verpa - 29.jun.16/Folhapress

Uma das nossas metas atuais como nação é a entrada na OCDE, organização formada principalmente por países ricos e voltada ao desenvolvimento econômico. O simbolismo do assunto enseja uma reflexão: será que o Brasil ainda consegue se desenvolver?

Tomo a provocação emprestada de Marcos Lisboa, titular deste espaço, que lançou a questão em debate recente com o também economista e colunista desta Folha, Antonio Delfim Netto, no auditório do jornal.

Há mais de duas décadas acompanhando temas econômicos, acho que nunca formulei ou ouvi essa pergunta de forma tão peremptória. Talvez porque, ao longo dos últimos 20 anos, a situação do país não tivesse chegado a um nível tão crítico quanto o atual. 

Já se vão mais de dois anos desde que a recessão acabou oficialmente sem ter terminado de fato.

Em 2013, nossa renda per capita em dólares era o equivalente a 30,5% da norte-americana (descontadas as diferenças de custo de vida entre os países). Em 2018, a relação caiu para 25,8%, cada vez mais longe dos 39% atingidos em 1980.

Na Grécia, o mais pobre dos países ricos, depois de uma queda brutal nos últimos anos, o rendimento médio da população ainda representa 46,5% do americano.

O desenvolvimento é um conceito que extrapola renda, mas a evolução no padrão de vida é a principal referência do processo de convergência econômica. 

Atingir o status de nação rica não é trivial. Segundo o FMI, os 194 países se dividem em 155 emergentes ou em desenvolvimento e apenas 39 avançados. 

Embora não exista uma receita pronta para se chegar lá, o celebrado livro “Por que as Nações Fracassam”, de Daron Acemoglu e James Robinson, documenta que os casos de sucesso envolveram a adoção de instituições inclusivas, que garantiram oportunidades para empreender e inovar a todos.

No lançamento do livro, em 2012, ao ser questionado sobre um possível exagero no uso do verbo fracassar —mais aplicável, talvez, a Estados falidos—, Acemoglu disse que desperdiçar oportunidades para se desenvolver era, sim, um fracasso.

Temos, portanto, falhado miseravelmente. Daí o oportuno questionamento de Lisboa. Nas últimas décadas, desperdiçamos tanto o impulso do boom das commodities dos anos 2000 quanto da, agora encerrada, fase de rápida expansão da população em idade ativa.

A história dá voltas. Outras oportunidades podem surgir. O problema é que quem deveria nos guiar na adoção de instituições inclusivas —como uma educação pública de qualidade— parece mais preocupado em censurar publicidades que celebram a diversidade.

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