Uma pergunta recorrente para quem recebe o diagnóstico de Covid-19: quanto tempo de isolamento é necessário?
Esta é uma questão importante, especialmente para quem tem contato com idosos ou pessoas com certos problemas mais graves de saúde. Um bom volume de informações permite, atualmente, estabelecer a recomendação desse isolamento com mais precisão.
O período de incubação, contado a partir da entrada do vírus até o surgimento dos primeiros sintomas, é a primeira premissa. Essa fase leva em média cinco dias, não ultrapassando mais do que oito dias, na grande maioria das pessoas.
Após o vírus adentrar pela via respiratória, multiplica-se mais rapidamente com o passar dos dias. Quanto mais vírus, maior a chance de transmiti-lo. A transmissão pode começar dois dias após a infecção, mas atinge seu pico quando os sintomas começam. É no primeiro dia de sintomas que temos a maior chance do teste PCR, que detecta a presença do vírus, resultar positivo.
Segunda premissa: depois do início dos sintomas, a quantidade de vírus segue em queda ao longo de sete a oito dias, assim como a capacidade de transmissão. Raramente ultrapassa dez dias em pessoas sem sintomas ou com sintomas leves a moderados. É importante observar o desaparecimento dos sintomas para garantir a segurança na interrupção do isolamento. Se não cessarem, a melhor conduta é procurar avaliação médica.
Pessoas que tiveram formas mais graves de Covid-19 podem eliminar o vírus por período mais prolongado. Nesse caso, é recomendável estender o isolamento até 14 dias.
Terceira premissa: um teste de PCR positivo não significa, necessariamente, que a pessoa esteja transmitindo o vírus. No começo da pandemia, esse resultado positivo não era bem compreendido. A recomendação para um paciente infectado era aguardar até que seu teste apresentasse resultado negativo para sair do isolamento. Hoje, sabemos que a PCR pode permanecer positiva por um período prolongado, sem que haja vírus capaz de se multiplicar presente na secreção respiratória.
Qual a implicação deste achado? Na prática, depois um resultado positivo confirmando a infecção, refazer o teste de PCR mais atrapalha do que ajuda, pois não reflete capacidade real de transmissão.
Quarta premissa: a infecção pelo novo coronavírus confere proteção contra a Covid-19. A grande maioria das pessoas que pega a doença fica imune, ao menos por meses. Uma vez que a Covid-19 chegou somente no fim de 2019, ainda não há dados para dizer, precisamente, quanto tempo irá durar a defesa do organismo. A experiência com germes semelhantes sugere que a maioria das pessoas estará protegida por, pelo menos, alguns anos.
Temos, contudo, acompanhado relatos sobre casos de reinfecção. Até hoje, entre quase 26 milhões de casos notificados no mundo, há oito casos confirmados, alguns deles com sintomas no segundo episódio. Reinfecções não devem ser desprezadas, mas são raras, felizmente, até agora.
Todas essas premissas têm exceções. Pessoas com deficiências imunológicas graves ou com sistema de defesa comprometido, que tomam remédios que diminuem a imunidade (como quimioterápicos) ou que fizeram transplantes, podem ter desdobramentos diferentes dos descritos acima, bem como períodos maiores de transmissibilidade.
Ainda faltam estudos de acompanhamento por longos períodos, para que se possa entender melhor as formas de transmissão do novo coronavírus. Mas já se sabe bem mais sobre o vírus, que parece ter vindo para ficar.
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