Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Fernando Canzian

Com esquerda perdida, Temer prepara 'voo da galinha'

Enquanto Lula sufoca oposição, presidente apronta 'bondades' para eleição

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Temer com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão
Temer com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão - Ricardo Moraes-20.fev.18/Reuters

Com a intervenção no Rio e o abandono da Previdência, Michel Temer se lança informalmente à Presidência trocando uma reforma impopular pela agenda populista de Jair Bolsonaro.

Temer nada tem a perder e já mostrou falta de retidão e capacidade de mobilização política ao barrar as duas denúncias da PGR no ano passado, que custaram o fim, no Congresso, do apoio à Previdência.

 
A “ponte para o futuro” das reformas inadiáveis sai e o foco agora é o futuro de Temer e sua perspectiva de ser processado fora do cargo em 2019.
 
Temer tem só 6% de aprovação. Mas pode ser empurrado por um bom impulso da economia e por seu MDB ainda controlar 20% das prefeituras, onde o apoio miúdo dos prefeitos é importante.
 
O presidente conta ainda com a extraordinária falta de rumo da esquerda, incapaz de se organizar em torno da popularidade minúscula de Temer e sufocada pela candidatura sem futuro de Lula.
Nesta semana, PT, PDT, PC do B, PSB e Psol lançaram no Congresso o documento “Unidade para Reconstruir o Brasil”. Anunciado como projeto da esquerda para a eleição, o diagnóstico (no século 21) é que há uma “tentativa das grandes potências capitalistas de subordinarem nosso país aos ditames de uma ordem neocolonial”.
 
A solução? “A retomada do crescimento econômico associado à redução das desigualdades, geração de empregos e distribuição de renda”.
 
Como não pensamos nisso antes?
 
Quando a eleição chegar, é provável que o PIB esteja “rodando” perto de 4%, com a inflação no piso da meta. Sem reajuste desde 2016, o Bolsa Família (que chega a ¼ dos brasileiros) terá aumento real e o desemprego deve seguir caindo.
 
Temer também está autorizado pelo Congresso a encerrar 2018 com um deficit de até R$ 159 bilhões, acima do realizado em 2017, o que abre espaço para “bondades”.
 
O tal “feel good factor” na população, portanto, tende a favorecer Temer, apesar dos seus 6%.
 
No longo prazo, porém, nada disso é sustentável. Sem as reformas que o presidente agora abandona, o Brasil está novamente na pista para mais um clássico “voo da galinha”: o país decola depois da forte recessão e se estrepa de novo à frente. 

Com ou sem Temer.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.