Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

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Escombros de edifício em SP anunciam falência do setor público

País chega a fundo do poço nos investimentos estatais, dilapidando sua infraestrutura

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Os escombros do edifício da União que desabou no centro de São Paulo são um monumento à falência do setor público brasileiro.

Decrépito e sem investimentos, o prédio estava cedido a outra esfera de governo, a Prefeitura de São Paulo, que também não cuidou de seu uso e conservação por falta de recursos.

O próximo presidente da República terá, em 2019, a menor margem para investimentos e gastos com custeio da máquina desde 1997 --o equivalente a 3,09% do PIB.

No ano passado, o investimento de União, estados e municípios combinado já foi o menor em quase 50 anos. 

O baixo valor (aquém do custo de depreciação) para a conservação de hospitais, escolas, estradas e de outros equipamentos está, na prática, “comendo" nossa já precária infraestrutura.

Por mais distante que pareça, na base dessa penúria estão os gastos com nossa Previdência. Em ritmo crescente, ela consome hoje 57% do Orçamento da União, sete vezes mais que o gasto com saúde (excluindo funcionários).

Só a Previdência do setor privado teve R$ 50 bilhões em gastos a mais em 2017, o equivalente ao dobro do que o governo federal investiu em obras e na conservação de bens públicos. Com o envelhecimento da população e aposentadorias precoces, essa conta só aumenta.

O Datafolha já aferiu que 71% dos brasileiros são contra reformar a Previdência. Mas um percentual igual a esse procura atendimento pelo SUS, segundo o Ministério da Saúde.

Essas expectativas conflitantes levam o Brasil no caminho de um país de aposentados, com cada vez menos serviços públicos. Mais à frente, possivelmente de aposentados sem receber, como o Rio mostrou ser possível.

Nas últimas décadas, aumentar impostos foi sempre a opção para manter a Previdência e os serviços. Isso foi possível porque o ritmo de concessões de aposentadorias, e de uso dos serviços públicos, era menor.

Hoje, seria necessária uma dose tão cavalar quanto inviável de tributos para driblar o problema.
Os otimistas apostam que, passada a eleição, presidente e Congresso novos atacarão o problema da Previdência, descomprimindo o Orçamento e aliviando a situação dos investimentos em infraestrutura e custeio da máquina.

Como o prédio no largo do Paissandu demonstrou, não fazê-lo terá consequências trágicas para quem vive aqui dentro.

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