O novo normal do Brasil equivale à imagem clássica do copo. Meio vazio quando se pensa na desolação e na falta de melhores expectativas com o país.
A menos de quatro meses da eleição, 8 em cada 10 eleitores não escolheram um candidato viável à Presidência. Espontaneamente, segundo o Datafolha, 46% não sabem em quem votar, 23% querem votar branco ou nulo e 10% escolheriam Lula, que não deve constar na urna eletrônica.
Em um país onde o presidente normalmente comanda a agenda, sobretudo se souber lotear cargos e verbas, Michel Temer, mestre da prática, tem a aprovação de apenas 3% e pode não resistir a uma terceira denúncia no Congresso. Seu governo acabou.
Finalmente, 53% da população no país do futebol diz não estar interessada na Copa, apesar de o Brasil ter feito a melhor campanha pré torneio desde 1970.
Mas esse mesmo copo poderia ser preenchido se considerarmos que, segundo o Datafolha, os brasileiros apontam espontaneamente a corrupção como o maior problema a ser enfrentado hoje, dando a ele o mesmo peso que à saúde.
Do ponto de vista eleitoral, é pouco provável que a renovação política no Congresso seja significativa e que combata a corrupção “por dentro”. A inércia em torno dos nomes e famílias que dominam a Casa e a divisão dos fundos eleitoral e partidário não favorecem grandes mudanças.
Mas é “por fora”, com as investigações da Lava Jato, do Ministério Público e da Polícia Federal, que essa preocupação maior dos brasileiros vem sendo endereçada.
Não custa lembrar que o país já tem um ex-presidente, dois ex-governadores, alguns parlamentares e diversos empresários presos ou sendo investigados, além de um presidente no cargo que deve seguir pelo mesmo caminho.
Se existe algo de realmente novo no Brasil, é isso. O combate à corrupção vingou e vem sendo praticado por instituições ativas e blindadas acima da turma da política.
No final, não foi possível estancar a sangria. Isso não é pouco e ainda terá outras consequências positivas.
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