Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

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Fernando Canzian

Jogo que definirá sucesso de Bolsonaro começa agora

Êxito na Previdência pode reforçar agenda retrógrada do presidente em outras áreas

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Chegou a hora para Jair Bolsonaro que definirá se o Brasil escapa de um desastre recessivo e inflacionário ou se ganhará fôlego para crescer sem grandes impedimentos.

O novo Congresso abre nesta sexta (1) e estabelecerá a força que o presidente terá nas reformas econômicas, sobretudo a da Previdência.

Na Câmara, Rodrigo Maia (DEM), pró mudanças, já conta com os votos para ser reconduzido à presidência. No Senado, a candidatura de Renan Calheiros (MDB) é incerta, mas o alagoano promete mudar para se alinhar ao poder.

“Você conhecia o velho Renan. O novo chega sexta e vai discordar do outro em muita coisa. O outro era mais estatizante. Este será um Renan liberal, que vai ajudar a fazer as reformas”, anunciou Renan.

O PSL de Bolsonaro larga atraindo aliados e empatado com o PT como maior partido na Câmara (55 deputados cada). Mas a oposição promete tentar barrar a conquista dos 308 votos (em 513 deputados) necessários para aprovar a reforma da Previdência necessária para tirar o país da insolvência.

Em 2018, pelo quinto ano consecutivo, o governo federal fechou no vermelho, cravando a pior sequência de déficits desde a Constituição de 1988.

A grande diferença de lá para cá é que a carga tributária saltou de 24% do PIB para 32,5%, tornando inviável onerar mais a sociedade para bancar rombos insustentáveis.

Enquanto o Tesouro economizou R$ 76 bilhões no ano passado com cortes em todas as áreas, só o déficit recorde da Previdência atingiu R$ 195 bilhões. Ou seja, sem a reforma do sistema, será inútil o governo diminuir ao mínimo suas despesas.

Estima-se em US$ 100 bilhões o potencial de investimentos estrangeiros que poderão vir ao Brasil caso uma reforma da Previdência decente seja aprovada.

Parte do dinheiro viria também para sustentar o próprio governo, ampliando a participação internacional no financiamento da dívida pública —o que a tornaria mais leve. Hoje, menos de 12% da dívida é financiada por estrangeiros, ante 25% em países como México e Rússia.

Se o perigo de insolvência for afastado com a reforma, haverá também forte valorização de ativos no Brasil (como ações na Bolsa, que financiam empresas, e imóveis), favorecendo mais investimentos e a criação de empregos.

O paradoxo é que o sucesso da Previdência, se houver, reforçará a agenda retrógrada de Bolsonaro em outras áreas, tendo como base uma economia mais forte.

Mas não será esse o motivo para a oposição votar contra. Trata-se só de cegueira ideológica diante da grave crise fiscal em que estamos metidos.

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