Os novos governadores se deparam com uma realidade chocante: há cada vez menos dinheiro para tudo o que não seja o pagamento de servidores, sobretudo dos já aposentados que não servem mais diretamente à população.
Em Mato Grosso não há recursos para reparar viaturas da PM e do Samu e a população doente torra em hospitais sem ar-condicionado no Rio. Há ainda a crise no Ceará. Em todo o país, a situação é parecida na maioria dos estados.
Na base do problema, o fato de mais da metade dos servidores estaduais terem direito a aposentadorias especiais e estarem se retirando em massa do serviço público. Em dez anos, por conta do envelhecimento deles, quase a metade dos ativos poderá se aposentar.
Ao ter de pagar cada vez mais aposentadorias, os estados têm menos dinheiro e pessoal para atender a população, pois não há como repor os que saem.
Desde 2014, aumentou quase 6% todos os anos o total de novos aposentados nos estados. Já as novas contratações caíram cerca de 2%. Ou seja, há muitos saindo enquanto as reposições diminuem.
O déficit dos estados com suas previdências se aproxima de R$ 100 bilhões e alguns (como RS, MG, MS, RJ, ES e a maioria dos nordestinos) já gastam quase um terço ou mais de sua receita líquida com aposentados.
Em três anos, a despesa com inativos saltou de 17% para quase 25% da receita disponível na média do país. Isso significa que um quarto do dinheiro dos estados vai para algo que não acrescenta nada no atendimento do dia a dia.
Isso vai piorar muito daqui em diante, e as consequências ficarão cada vez mais explícitas no noticiário e na vida de todos. Quando se fala em reformar a Previdência e aumentar a idade de aposentadoria dos que ainda trabalham é disso que se trata.
Se os regimes do setor privado e do funcionalismo da União têm problemas, é a partir dos estados que a população sentirá na pele o preço de não se fazer nada enquanto é tempo.
Confira a total dimensão da crise nos estados no Ranking de Eficiência dos Estados - Folha e em seus dois vídeos que tratam do assunto
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.