As manifestações pró-Jair Bolsonaro tiveram roteiro e pautas comuns em todo o país, revelando uma organização centralizada que chegou a surpreender.
De prático, elas obrigaram Planalto, Congresso e STF a produzir uma satisfação política imediata: o anúncio previsto para 10 de junho de uma espécie de pacto com metas e intenções.
Mesmo que isso não dê em nada e a nova fase seja engolida outra vez pela inépcia e as encrencas criadas pelo presidente, o movimento da direita não podia contrastar mais com a desorientação em que estão metidos os que se autodenominam progressistas no Brasil.
Mesmerizada pelo Lula Livre, a esquerda segue perdida e presa de um esquema há muito montado por sindicatos de servidores estatais que puxam manifestações e ditam suas pautas. A principal delas, o rechaço à reforma da Previdência que mira reduzir privilégios do funcionalismo e reequilibrar as contas públicas.
Com Lula ainda preso e Ciro Gomes dizendo que não o visitaria mesmo se convidado, a esquerda sem cabeça segue na mesmice e vai perdendo o rumo até onde poderia renascer.
Governando três estados (PE, ES e PB) e dono da terceira maior bancada da oposição na Câmara (32 deputados), até o PSB agora fechou questão contra a Previdência, num retrocesso em relação há dois anos, quando rachou no apoio a pontos da agenda reformista de Michel Temer.
Os jovens que foram às ruas defender verbas para a educação e reclamar da falta da mesma em Bolsonaro –que provocou chamando-os de idiotas– não têm nada a ver com renovação ou redespertar da esquerda, como muitos desse campo querem crer.
Para sair da paralisia, não perder o bonde e tentar barrar retrocessos, os progressistas bem que poderiam, para variar, quebrar o encanto: virar a página de Lula, sair da armadilha das centrais e, principalmente, debruçar-se sobre a chocante realidade orçamentária do Brasil.
Dá trabalho. Mas seria um bom começo para quem não está fazendo nada.
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