Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

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Bolsonaro e os 300 picaretas

Sem muitas das velhas raposas e apesar do Executivo, Congresso toca agenda

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No topo do histórico de sua avaliação positiva, em abril deste ano, o Congresso Nacional era aprovado por apenas 1 entre cada 5 eleitores. No mesmo sentido, 1 em cada 3 avaliam os parlamentares como ruins ou péssimos, segundo o Datafolha.

A má fama persiste mesmo após figuras controvertidas ou enroladas na Justiça como José Sarney (MDB), Romero Jucá (MDB), Beto Richa (PSDB) e Lindbergh Farias (PT), entre muitas outras, terem sido derrotadas ou desistido da política na última eleição.

Lá atrás, em 1993, o então candidato a presidente da República e ex-deputado Lula contabilizava “300 picaretas” no Congresso.

O Presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, durante sessão do Congresso Nacional para discussão sobre vetos presidenciais e liberação de crédito extra para o governo de R$248 milhões - Andre Coelho/Folhapress

“Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou…”, era o refrão de música dos Paralamas do Sucesso à época, inspirada em fala do petista. “Eles ficaram ofendidos com a afirmação, que reflete na verdade o sentimento da nação...”. E por aí seguia.

Um quarto de século depois, não só Lula foi condenado por corrupção como o sentimento em relação ao Congresso parece ser o mesmo.

A visão degradada manteve-se apesar de a Câmara dos Deputados ter iniciado, em 2019, o mandato com a maior taxa de renovação desde 1998. Pela primeira vez em duas décadas, os reeleitos ficaram com menos da metade das cadeiras, abrindo espaço para os novatos –que tiraram vagas de muitas raposas velhas.

É difícil prever, mas dada a confusão intrínseca do Poder Executivo sob Jair Bolsonaro, é possível que o Congresso consiga limpar sua própria barra minimamente na atual legislatura. Isso se os eleitos pelo partido do presidente, o PSL e seu laranjal, não atrapalharem muito.

Mas até pelo efeito comparativo com Bolsonaro, o atual presidente da Câmara, o veterano Rodrigo Maia, parece um estadista. Em suas mais recentes entrevistas e declarações, não só dá sentido de urgência às mudanças estruturais necessárias como age de forma educativa diante da desordem do Executivo.

Em outra frente, os congressistas também têm erguido barreiras contra sandices e inconstitucionalidades propostas pelo presidente, como no caso do decreto das armas e da transferência da Funai para as mãos da esquisita ministra Damares Alves.

Mas, justiça seja feita, e com um grão de otimismo aqui, poderíamos até pensar que, ao acusar o Legislativo de fisiológico da velha política, Bolsonaro acabou despertando algo mais altivo e responsável entre os parlamentares –muitos dos quais ainda neófitos nesse métier.

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