Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

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Guedes talvez não dure, e PIB precisa tirar Bolsonaro

Empresários devem entender que quanto mais tempo o presidente ficar, pior será

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Jair Bolsonaro não tem mais condições de governar o Brasil.

Os empresários que ainda o apoiam por causa da política econômica de Paulo Guedes precisam entender que não há chance de um presidente incapaz, mentiroso e ridiculamente autoritário salvar uma economia que entra em fase de derretimento.

Quanto mais tempo acreditarem nessa impossibilidade, maior será o caminho de volta —se houver— do fundo do poço em que Bolsonaro está metendo o Brasil.

Ao contrário de Venezuela e de países africanos sem economias dinâmicas e diversificadas, o Brasil tem muito a perder com a continuidade de um governo que já afugentava investimentos antes do coronavírus. A cada dia que passa, tudo só vai piorar —com ou sem Guedes.

Nos impeachments de Fernando Collor e Dilma Rousseff, os políticos foram apenas um meio que o PIB nacional utilizou para forçar a saída de algo que lhe seria extremamente prejudicial.

Para o bem ou para o mal, e sem hipocrisia, é assim que as coisas funcionam.

Collor caiu porque bateu de frente com a Fiesp, escancarando o Brasil a importados em um momento de grande fragilidade interna, com hiperinflação e descontrole orçamentário. Dilma teve o mesmo fim ao fraudar grosseiramente as contas públicas e levar o país a uma exótica combinação de brutal recessão e inflação alta.

Quanto tempo os empresários brasileiros ainda vão esperar até a saída de Paulo Guedes para entender que Bolsonaro não tem mais jeito? O presidente já cogita não apoiar parte do acordo de ajuda aos estados que proíbe reajustes aos funcionários públicos, uma exigência clara do ministro da Economia nesse acerto.

O ministro Paulo Guedes e o presidente Jair Bolsonaro - Mateus Bonomi/AGIF

Assim como Nelson Teich, Paulo Guedes é um homem rico e pode sair do governo a qualquer momento. Inclusive, só deve estar esperando um bom pretexto para isso. Sem o presidente e com o vice Hamilton Mourão precisando de um fiador, as chances de Guedes ficar talvez sejam até maiores.

A aventura de Bolsonaro chega ao fim pela onda que se forma de uma enorme recessão combinada a milhares de mortes estimuladas pelo presidente. Se o motivo para tirá-lo for sua interferência na Polícia Federal, que o seja —embora não faltem outras razões.

Se isso não for feito, restará a Bolsonaro patrocinar um agressivo e caro populismo, despejando dinheiro na conta dos miseráveis —algo que pode ser tão necessário quanto insustentável se não houver no horizonte a esperança de recuperação econômica.

Os empresários do setor produtivo e dos bancos têm agora a chance de se manifestar a favor do Brasil. A classe política nunca deixou de ouvi-los.

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