Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

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Para Bolsonaro, agora é populismo ou morte

Diante da perda de apoio, presidente pode querer aumentar a ajuda aos pobres

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Jair Bolsonaro segue entrincheirado nos cerca de 30% dos brasileiros que ainda o escutam. Mas a onda política, econômica e sanitária em formação deve engolir o presidente.

A curva ascendente de infecções pela Covid-19 projeta 35 mil casos diários daqui a um mês, o que pode representar cerca de 2.000 mortes diárias se o Brasil continuar insistindo em um isolamento meia-boca.

As UTIs do SUS devem lotar em muitos estados antes de junho. Os leitos privados remanescentes provavelmente estarão sendo disputados na Justiça ou requisitados às pressas por estados e municípios.

Em algumas semanas, cenas tristes e grotescas como as de Manaus serão comuns em estados mais pobres e no Rio de Janeiro. O cenário remeterá à política contra o isolamento de Jair Bolsonaro e à sua “gripezinha”.

Até lá, a economia terá afundado muito mais, concretizando a profecia de um tombo histórico no setor de serviços, onde estão dois terços dos empregos.

Talvez comece a ficar claro também que Bolsonaro colocou o Brasil no pior dos mundos: nem fechamos, nem abrimos. Isso manterá o vírus entre nós por muito mais tempo, espalhando-se em ondas paralisantes por aqui enquanto o resto do mundo reabre.

Sem respeitar o isolamento, Jair Bolsonaro tira fotos com apoiadores em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Com as investigações do caso Moro/PF/filhos avançando, Bolsonaro precisará cada vez mais do fisiológico centrão, que já deve estar pensando: compensa mamar em um governo tão quebrado e moribundo?

Em sua última pesquisa, o Datafolha mostrou que a popularidade de Bolsonaro despencou 11 pontos entre os que têm renda familiar acima de cinco salários mínimos (10% dos brasileiros). Mas ele ganhou oito pontos nos que ganham até dois mínimos (60% da população).

O aumento do apoio entre os mais pobres coincidiu com o início do pagamento da ajuda de R$ 600, por três meses, aos afetados pela crise. Para outros 11,3 milhões no Bolsa Família, o valor usual médio de R$ 190 mensais saltou a R$ 1.200.

É triste dizer isso, mas milhões de brasileiros nunca viram tanto dinheiro na vida.

Sob o pretexto verdadeiro de que os pobres não terão como sobreviver sem a ajuda federal, pode restar ao presidente enveredar por um populismo em cima dessa miséria nacional —agora devidamente cadastrada na Caixa Econômica Federal.

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