Durante o lançamento do seu novo álbum, "Madame X", Madonna revelou que o Instagram é "projetado para fazer você se sentir mal".

Todo mundo sabe que a rede social de compartilhamento de fotos é a união de pessoas que fingem ser mais bonitas, ricas, felizes e de férias do que realmente são com outras que acreditam em tudo isso. Mas, ao contrário da diva pop, acho o Instagram uma grande fonte de humor.

Virou até minha atração dominical predileta. Logo de manhã, faço um café e pego o celular para ver os perfis e stories dos influencers, que é o nome chique para quem vive de postar foto.

Descobri, por exemplo, que uma influencer está fazendo um "7 days detox", que é o nome chique para uma dieta na qual se ingere, por uma semana, somente líquidos. Isso que, nos outros 358 dias, ela se alimenta de chia, alface e linhaça. E que ela possui um órgão, feito justamente para desintoxicar, chamado fígado.

Também fiquei sabendo que uma outra influencer acabou de fazer uma tal de "micropigmentação", nome chique para a antiga tatuagem na sobrancelha que nossas avós faziam e, com o tempo, ficava azul. Ela também tatuou a boca para ficar com um batom eterno, procedimento com o nome chique de "revitalização labial".

Ao contrário de nós, meros mortais, que mudamos de calçada quando encontramos o dentista, conheci o estranho hábito dos influencers de publicar selfies na cadeira do consultório, muitas vezes com a broca na boca. Tudo em troca de uma tal de "contact lens", nome chique para faceta de porcelana, que deixa a blogueira Lalá com a mesma arcada dentária do Neymar e do Silvio Santos.

Fico tão fascinada que, às vezes, no meio da noite, acordo e penso: "Será que leio um livro, fonte de conhecimento e excelente sonífero, ou vejo o Instagram?". Quando me dou conta, estou gastando tempo e horas de sono com fotos e stories das influencers. E, lá no fundo, na deep web da minha cabeça, nome chique que dei para o meu inconsciente, fico pensando: "Será que faço essa tal de micropigmentação?".

Talvez Madonna tenha razão.