Cientistas da Universidade de Cachoeiro de Itapemirim descobriram uma nova espécie de animais que habita as grandes cidades. Ela pertence à mesma classe biológica que originou os terraplanistas, antivacinas e criacionistas. Sua principal característica é negar que a Covid-19, ou a doença causada pelo novo coronavírus, seja uma ameaça real à sociedade. São os corona-machos.
Assim como os racistas e fascistas, os exemplares dessa espécie viviam escondidos nas sombras, ameaçados por seu maior predador, seres do gênero politicamente correto. Com a mudança do clima para mais conservador, sentiram-se livres para se expor à luz do dia.
Um comportamento peculiar dos corona-machos é fazer comparações sem sentido. “Para que se preocupar com a Covid-19? A fome mata muito mais”, costumam dizer. “A varíola exterminou milhões de pessoas.” Esquecendo-se de que, se vivessem na época da varíola, teriam participado da Revolta da Vacina e, provavelmente, estariam mortos.
O corona-macho não pertence exclusivamente ao reino da extrema direita. Existe também o corona-esquerdomacho, progressista desconstruído que aproveita a quarentena para curtir uma praia, ou se reunir com os amigos no barzinho para xingar o Bolsonaro.
Também foram registrados exemplares do sexo feminino, a corona-fêmea. Menos enfurecida que o corona-macho, ela obriga a empregada a pegar transporte público para vir trabalhar. Afinal, quem vai limpar a casa durante o seu isolamento?
Uma descoberta interessante foi que muitos corona-machos são personalidades famosas. É o caso do padeiro Olivier Anquier que, não contente em vender bife com batata frita a R$ 100, resolveu perturbar o brasileiro chamando a epidemia de “paranoia injetada à força”. E do sertanejo Leonardo que, num show recente, disse que a Covid-19 é uma ameaça menor que o HIV que, segundo ele, infectou 30 milhões (!) de brasileiros.
Mas o representante mais famoso do corona-macho chama a doença de histeria, prega que o vírus é um plano maligno da China para implementar o comunismo no mundo e, pasmem, é presidente do Brasil. Seria cômico, se não pusesse a vida de milhares de pessoas em risco. Por isso, a recomendação dos cientistas é que ele seja afastado e isolado da sociedade o quanto antes.
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